Antonio Tozzi

O futebol arte existe?

Muita gente critica o futebol sem sal praticado pela Seleção Brasileira de Futebol. O craque Rivelino teve até mesmo a ousadia de revelar que não acharia ruim o Brasil ficar de fora da próxima Copa do Mundo, marcada para 2018 na Rússia.

Mas como explicar o fato de a Seleção Brasileira estar indo tão mal quando reúne em suas convocações jogadores de renome mundial. Só para ficarmos nos quatro semifinalistas da Copa dos Clubes Campeões da Europa – Atlético de Madrid, Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique -, constatamos a grande presença de jogadores brasileiros. Nos times da capital espanhola atuam Felipe Luís (Atlético), Marcelo e Casemiro (Real), enquanto no Bayern de Munique o atacante Douglas Costa é um dos destaques, além de Rafinha. No Barcelona, Neymar e Daniel Alves são titulares absolutos e a equipe ainda conta com Adriano e Douglas. Nos quadrifinalistas eliminados, mais brasileiros: Benfica (Jonas e Júlio Cesar), Manchester City (Fernando e Fernandinho), Wolfsburg (Luiz Gustavo, Naldo e Bruno Henrique) e no PSG há quase uma seleção (Thiago Silva, David Luiz, Maxwell, Marquinhos, Lucas e Tiago Motta, brasileiro naturalizado italiano).

Ou seja, não é por falta de material humano que não se forma uma seleção de alto nível. Os mais afoito dirão: o problema é o técnico. Dunga é péssimo. Embora Dunga não devesse mesmo ser o treinador da Seleção Brasileira pela falta de experiência como treinador, a questão transcende a mera troca de técnico. O dilema é bem maior, como explicamos a seguir.

As seleções europeias têm seus principais jogadores atuando no próprio continente. Assim, fica mais fácil juntá-los, pois todos atuam entre si nas equipes locais. Além disso, já estão familiarizados com os conceitos táticos praticados pelos técnicos europeus e seguem o mesmo calendário.

No Brasil, além dos “europeus”, Dunga tem de convocar atletas que se destacam no Brasil e em mercados menos concorridos como China, países árabes, EUA etc. O próprio calendário interfere no processo, uma vez que jogadores convocados se encontram em diferentes estágios físicos. Enquanto alguns encontram-se no auge, outros estão retornando de férias e precisam passar por um processo de recondicionamento físico. Some-se a isso as distâncias e o pouco tempo para treinar e o resultado não pode mesmo ser diferente daquele praticado atualmente. Isto é, o futebol arte, que tanto encantou plateias de todo mundo, é substituído por um futebol convencional que visa sobretudo obter resultados.

Agora, Dunga e seus craques terão uma boa oportunidade para mostrar que é possível apresentar um futebol de classe na disputa da Copa América, que será disputada nos EUA, entre 3 e 26 de junho. O Brasil é cabeça de chave do Grupo B, que reúne também as seleções do Equador, Peru e Haiti.

Em agosto, novo desafio. Dunga assumirá a Seleção Brasileira Olímpica de Futebol em substituição ao técnico Rogério Micale. Em minha opinião, isto é um erro porque os jogadores abaixo de 23 anos já estão habituados com Micale e podem ter dificuldades para compreender o sistema de jogo implantado por Dunga. A missão não é fácil. Comissão técnica e atletas têm a responsabilidade de ganhar a Medalha de Ouro Olímpica – a única conquista que falta ao vitorioso futebol brasileiro. E com um peso adicional: a competição será disputada no Rio de Janeiro! Qualquer coisa menos do que a medalha de ouro será sinônimo de fracasso. E pode significar a saída de Dunga do comando da Seleção Brasileira de Futebol.

Santa Cruz, a surpresa?

Depois de realizadas três rodadas, o Santa Cruz de Recife é o líder do Brasileirão 2016 com sete pontos ganhos e tem o artilheiro do campeonato: Grafite, que já marcou seis gols. Apontado pelos mais eufóricos como o Leicester brasileiro – o clube campeão da Inglaterra que venceu sua primeira English Premier League nesta temporada -, o Santinha está de fato surpreendendo. O time que saiu da Série D para reconquistar seu espaço na Série A já aplicou duas goleadas de 4 a 1 no Estádio do Arruda. As vítimas foram Vitória e Cruzeiro. Claro que ainda é muito cedo para se apontar favoritos, mas a boa campanha da Cobra Coral é um sopro de frescor no Brasileirão 2016.

Cruzeiro, a decepção

Na contramão da boa campanha do time pernambucano, a Raposa vem fazendo uma campanha decepcionante. Com apenas um ponto conquistado em três jogos, o time de Belo Horizonte vem sendo hostilizado pelos torcedores. O ano de 2016 não tem sido bom para os torcedores cruzeirenses. A equipe foi eliminada na Primeira Liga, ficou de fora da decisão do Campeonato Mineiro, vencido pelo América, e está agora na Zona de Rebaixamento. O português Paulo Bento, novo treinador do Cruzeiro, terá muito trabalho pela frente para corrigir os problemas e voltar a colocar o tradicional time de Minas Gerais como uma das potências do futebol brasileiro, ora pois!

Cuca dá novo ânimo ao Palmeiras

O Palmeiras começou bem o Brasileirão 2016, com uma goleada sobre o Atlético-PR. Porém, depois de uma inesperada derrota para a Ponte Preta em Campinas, recuperou-se e derrotou o Fluminense no Allianz Parque, em São Paulo. A vantagem da equipe Alviverde é ter um elenco bastante polivalente que permite ao técnico Cuca fazer variações táticas durante uma mesma partida. Foi assim que o Verdão venceu o Tricolor carioca depois de um primeiro tempo pouco inspirado.

Flamengo enfrenta tormenta

O Flamengo continua seu calvário. Apesar da administração exemplar do ponto de vista financeiro de Bandeira de Mello, o Rubro-Negro não consegue encantar os torcedores. Após uma vitória magra por 1 a 0 sobre o Sport, o Mengo foi derrotado pelo Grêmio em Porto Alegre pelo mesmo placar. O que provocou mesmo calafrios na torcida foi o empate em cima da hora com a Chapecoense em 2 a 2 no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. O resultado provocou a saída do técnico Muricy Ramalho, que enfrenta problemas de saúde, e a provável contratação de Abel Braga. Além de Abel, cujo passado remete ao Vasco da Gama, o time da Gávea está acertando a vinda do zagueiro Rafael Vaz, que está trocando justamente o Vasco pelo maior rival.

Bom exemplo?

O presidente Roberto de Andrade chamou a responsabilidade em relação à reunião entre jogadores do Corinthians e membros da Gaviões da Fiel na semana passada, no CT Joaquim Grava. Na quinta-feira (26), após vencer a Ponte Preta por 3 a 0, Roberto disse que chamou os torcedores. Na entrevista, acrescentou ainda que a comissão técnica não deveria interferir no caso. Tite, porém, já mostrou descontentamento.  “Conversa cabe sempre, em qualquer lugar. Chamei quatro pessoas da torcida para conversar. Não é a primeira vez que faço isso. Achei necessário”, declarou Roberto.  “A comissão não tem que dar aval nenhum. O presidente sou eu. Se eu chamei para conversar, não chamei a comissão técnica. Chamei a torcida para conversar com jogadores. A comissão não precisa falar se pode ou não. Eu sei o que pode”, acrescentou”.  Roberto de Andrade também falou sobre jogadores. Segundo ele, ninguém se incomodou com a reunião. “Todos ficaram muito confortáveis. O Guilherme não estava presente na conversa. Estava dentro da fisioterapia quando soube que os torcedores estavam. Houve a conotação de invadiram, reclamaram e foi só isso. Depois, tudo normal. Pergunte a quem estava na sala”, declarou, irritado. Na sequência, o presidente corintiano demonstrou indignação com rumores de que jogadores teriam sido agredidos em Salvador, na chegada à capital baiana para jogo com o Vitória, no sábado. Entretanto, admitiu o bate-boca. “Estavam lá, reclamação faz parte. Não tem como travar as pessoas de falarem. Não houve agressão, nada. Quem falou é mentiroso. Houve xingamentos e reclamações”. O dirigente corintiano está brincando com fogo. Abrir exceção para receber torcedores pode ser perigoso, porque nunca se sabe quem está infiltrado entre eles.

NHL na reta final

O hóquei sobre o gelo é um esporte que desperta bastante paixão. Jogado em uma velocidade alucinante, os jogadores têm de enfrentar dois obstáculos: primeiro deles é manter-se deslizando sobre a superfície de gelo e o outro é derrotar o adversário. Depois de uma temporada exaustiva, apenas três equipes têm chance de conquista a Stanley Cup, que corresponde ao Campeonato Norte-Americano de Hóquei sobre o Gelo. O San Jose Sharks venceu a Conferência Oeste derrotando o Saint Louis Blues por 4 a 2. Seu adversário foi definido na quinta-feira à noite (26), no jogo 7 que reuniu Pittsburgh Penguins e Tampa Bay Lightning. Se o time da Flórida tiver se classificado para a final, duas equipes de cidades quentes – San Jose, na Califórnia, e Tampa Bay Lightning, na Flórida – é que decidirão o título da Stanley Cup. Ou seja, clima tropical no esporte gelado.

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