Arte & Cultura Brasil

Opinião: O caso Zezé Di Camargo – Arte, ideologia e democracia

Zeze di Camargo (Renan Katayama- commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=41277943)

Por Leila Cordeiro*

Zezé Di Camargo afirmou nas redes que pretende pedir ao SBT a retirada de seu especial de Natal após a presença do presidente Lula, da primeira-dama Janja, do vice-presidente Alckmin e de outras autoridades na inauguração do SBT News. Ao se declarar de direita, repudiou a homenagem.

O que talvez ele ignore é que toda concessão de TV no Brasil está vinculada ao governo federal vigente. Convidar a alta cúpula do Estado não é opção ideológica — é institucional. Assim funciona uma democracia.

Zezé tem todo o direito de se posicionar politicamente. Mas pedir a retirada de um programa por uma decisão que cabe à emissora soa equivocado e fora de contexto. Alternâncias de poder precisam ser respeitadas.

Trabalhei no SBT entre 1993 e 1997 com Eliakim Araújo e sempre convivemos com Silvio Santos em um ambiente democrático, sem alinhamentos partidários. Tenho certeza de que Silvio convidaria qualquer governo legitimamente eleito.

Lamento que um artista com trajetória tão longa se deixe contaminar por uma visão tão estreita. Antes de interesses pessoais, existe o público.

Porque, no fim das contas, como diz Milton Nascimento nos Bailes da Vida. Todo artista precisa ir onde o povo está.

*Jornalista

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