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Pandemia agrava situação de fome em Portugal e brasileiros lideram entre imigrantes

Presidente de Portugal percorreu as cidades de Lisboa e Porto e constatou o grande número de brasileiros sem-teto

Portugal tem mais de dois milhões de pessoas na linha da pobreza e mais de 100 mil perderam emprego na pandemia
Portugal tem mais de dois milhões de pessoas na linha da pobreza e mais de 100 mil perderam emprego na pandemia (Foto: PickPik)

Os Bancos Alimentares de Portugal contabilizam 60 mil novas pessoas pedindo ajuda em apenas três meses. Reflexo da crise social e econômica causada pela pandemia.

De acordo com a presidente da Federação dos Bancos Alimentares de Portugal, Isabel Jonet, além do aumento, a pandemia trouxe uma mudança radical no perfil de quem passa fome no país.

“Nós em Portugal temos uma pobreza estrutural, que é mais ligada à idade e baixas pensões de aposentadoria . A covid-19 trouxe pessoas que nunca imaginaram que iam ficar com falta de comida na mesa, disse Jonet à Sputnik Brasil.

Além do perfil social geral, a entidade também reconhece o aumento dos pedidos de cestas básicas por imigrantes, “sobretudo brasileiros”.

“São pessoas que tinham vindo cá para trabalhar no turismo, estética, na hotelaria, nos pequenos comércios e isso tudo fechou. Durante três meses, quando estiveram paradas, acumularam dívidas, não pagaram o aluguel da casa, por vezes tinham carro”, conta.

Brasileiros nas ruas

Com o fechamento das cidades e sem trabalho, muitos brasileiros foram parar nas ruas.  Uma reportagem feita pelo jornal O GloboI mostou milhares de brasileiros nas ruas de Lisboa e Porto. O problema é grave ao ponto de o presidente da República, Marcelo Rebelo de Souza, renunciar à meta da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Rua, que visava tirar todos das ruas até 2023. “Não vai ser possível cumprir a meta”, assumiu Rebelo.

Ainda não há números oficiais das pessoas morando nas ruas. Mas para ver de perto a realidade, o presidente português percorreu  Porto e Lisboa para traçar um perfil.

“É  visível incidência de estrangeiros, sobretudo brasileiros” atestou Marcelo Rebelo. “ Gente mais jovem, em parte estrangeiros, brasileiros e marroquinos”, completou.

Além de Porto e Lisboa, centenas de  brasileiros foram identificados nas ruas de Arroios, Praça do Rossio e das Estações de Santa Apolônia, Oriente e Sete Rios.

Diretor-geral do Centro de Apoio ao Sem Abrigo (CASA), Nuno Jardim confirma a tendência, que não se limita ao Porto e a Lisboa.

“ Na rua, há brasileiros nos diversos locais onde estamos pelo país. Em Albufeira (Algarve), estão sendo postos na rua após perderem trabalho e ficam sem lugar para dormir”, comenta Jardim.

Essas pessoas, segundo ele, vivem de doações de cestas básicas e esmolas.

Portugal tem mais de dois milhões de pessoas na linha da pobreza. A taxa de desemprego está em 6,3%, com previsão de chegar a 10%. Mais de 100 mil perderam emprego na pandemia.

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