Muita água ainda vai rolar nesses nove meses até a Copa do Mundo de 2026. Mas, a julgar pelos recentes acontecimentos e declarações, a Seleção Brasileira vai chegar ao Mundial dos EUA/Canadá/México como uma mera coadjuvante e não na costumeira condição de uma das favoritas ao título. O pífio rendimento nas Eliminatórias Sul-Americanas (a pior colocação do Brasil na história) e o 6º lugar no atual ranking da Fifa apenas reforçam o sentimento de que o futebol pentacampeão está distante de seus melhores dias.
E não precisa ser torcedor ou amante do futebol para chegar a esta conclusão: o próprio técnico da Amarelinha, Carlo Ancelotti, tratou de frear qualquer devaneio em relação ao sonho do hexa, afirmando que o Brasil não tem a obrigação de ganhar a Copa. “Precisamos, sim, disputar a competição em alto nível e tentar o título. No futebol, há muitos aspectos que podem determinar o resultado, então essa cobrança é excessiva”, disse o italiano em entrevista a um jornal europeu.
Bem, está claro que o técnico tentou blindar sua equipe quanto à pressão por títulos, depois de 24 anos desde a última conquista do Mundial e de seis anos desde o último troféu de expressão (Copa América 2019). Só que a falta de ambição demonstrada por Ancelotti não combina com a Seleção. Temos excelentes jogadores que brilham nas melhores ligas do mundo, continuamos produzindo craques em profusão… é natural a expectativa de que o Brasil pentacampeão seja sempre favorito, contra qualquer adversário. Em especial com o técnico mais vencedor do mundo no comando.
Justiça seja feita: o homem assumiu o cargo há poucos meses, graças à completa falta de planejamento da CBF no atual ciclo, desde a eliminação para a croácia nas quartas de final no Mundial do Catar – mudanças constantes de comissão técnica, disputas judiciais e afastamento do antigo presidente da entidade estão entre os problemas. De fato, não é possível afirmar que ele vai conseguir arrumar a “casa” em busca do hexa. Mas Ancelotti deve demonstrar, mesmo da boca para fora, que confia no próprio trabalho e no potencial de seus jogadores, pois isso é capaz de impactar o desempenho e os resultados.
Ele sabe disso: vale lembrar de 2022, quando o então técnico do Real Madrid se destacou pela capacidade de motivar sua equipe e acabou conquistando a Champions League daquele ano, com direito a viradas espetaculares contra PSG, Chelsea e Manchester City. “Não é fácil explicar, mas há algo especial aqui. Quando todos acreditam que estamos derrotados, buscamos forças e não desistimos nunca”, afirmou o italiano naquela época, após uma vitória épica dos merengues. É esse Ancelotti que precisamos na Seleção, até porque material humano ele tem nas mãos.
Brasil é agora o 6º no ranking da Fifa

Como já era esperado após a pior colocação da história nas Eliminatórias Sul-Americanas, a Seleção Brasileira caiu uma posição no ranking da Fifa e agora ocupa o 6º lugar. A liderança está com a Espanha, a reboque da excelente fase do craque Lamine Yamal e de outros jovens da revitalizada equipe comandada por Luis de la Fuente. A argentina, que há mais de dois anos estava no lugar mais alto desta classificação da entidade máxima do futebol, caiu para 3º.
No caso do Brasil, a falta de títulos nos últimos seis anos e as apresentações irregulares neste ciclo de Copa do Mundo contribuíram para a queda. A nossa Seleção foi ultrapassada por Portugal, que recentemente venceu a Liga das Nações. No Top 6 ainda estão França (2º) e Inglaterra (4º).
Quer uma boa notícia: nunca uma Seleção líder do ranking da Fifa em ano de Copa do Mundo foi campeã da competição. A classificação, criada em 1992, é na verdade um artifício para definição dos cabeças de chave do Mundial e tem dado azar às equipes que alcançam o topo. Em 1994, quando o Brasil de Parreira superou os adversários e conquistou o tetra mesmo sendo o 3º do ranking, a líder era a Alemanha, que foi eliminada nas quartas de final. O mesmo aconteceu no penta, em 2002, com Felipão e Cia. levantando a taça – a líder do ranking, a Franca, se despediu na fase de grupos.
Mas o Brasil já foi muitas vezes vítima desta maldição. Líder do ranking da Fifa nas Copas de 1998, 2006, 2010 e 2022, a nossa Seleção… bem, vocês sabem. E com apenas mais dois amistosos em 2025 contra equipes de segunda ou terceira prateleira do futebol mundial (Japão e Coreia do Sul), é improvável que o time comandado por Ancelotti suba qualquer degrau neste ranking.