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Pastor brasileiro é alvo de ataques por ser imigrante em Boca Raton

Embaixada do Brasil em Washington também sofre com comentários racistas pela Internet

Parabrisa do carro com arroz e feijao jogado
Parabrisa do carro com arroz e feijão jogado por agressores

O pastor brasileiro Alexandre Pessoa, da Boca Glades Baptist Church, sentiu na pele o ódio de um grupo por imigrantes. No sábado (27), ele saiu para jantar com sua família e amigos quando um grupo de pessoas começou a atacá-lo com palavras xenofóbicas. Segundo relatou Alexandre ao AcheiUSA, como estava chovendo, ele deixou a esposa e as crianças na porta e foi procurar uma vaga para estacionar. “Tinha um grupo encostado em um carro do lado de uma vaga que eu iria parar. Dei seta e bati levemente na buzina para que eles me deixassem passar, foi quando começaram as agressões verbais. Me chamaram de bastard immigrant, disseram que eu deveria voltar para o meu país, entre muitos palavrões. Não quis briga e, apesar de falar inglês fluentemente, disse que não estava entendendo o que eles diziam e eles ficaram ainda mais agressivos”, relatou o pastor.

Ele ignorou a agressão e entrou no restaurante. Quando ele retornou ao carro, o para-brisa estava cheio de arroz com feijão.

“Depois do jantar, retornei ao carro com minha esposa e filhos e encontrei, arroz e feijão em todo o para-brisa. Nunca vivi nada assim anteriormente e esta situação triste me mostra como as pessoas estão fora de controle e quanto ódio está a solta neste mundo. Definitivamente precisamos orar e pedir a Deus que tenha misericórdia e nos proteja, pois, este mundo está de virado ponta cabeça”, desabafou Alexandre.

Ele se diz impressionado de como essa família – formada por três adultos e dois adolescentes – ter tido o trabalho de sair para comprar arroz com feijão – que é a comida típica da comunidade latina. “Eles não sabiam que eu sou brasileiro, deduziram que eu era imigrante pela minha aparência e por ter dito que eu não falava inglês”. Ele reportou o caso à polícia que tratou como um caso “sem gravidade”.

Uma postagem sobre o assunto que o pastor fez no Facebook teve diversos compartilhamentos e ele teve o apoio de amigos que se solidarizaram com o ocorrido. “Muito triste. Isso é de onde vem a palavra ‘ignorante’. Existem esses poucos que agem com ódio e, eu espero, que você nunca mais volte a vê-los. Lembre-se que existem centenas, senão milhares, que respeitam você e sua família. Eu e minha família inclusive”, disse o americano Mark Harding.

Pastor brasileiro foi alvo de xenofobia em Boca Raton
Pastor brasileiro foi alvo de xenofobia em Boca Raton

Embaixada brasileira também foi alvo de mensagens de ódio

A Embaixada do Brasil nos EUA recebeu mensagens ofensivas de caráter xenofóbico e racistas, algumas das quais de eleitores declarados de Donald Trump. “Agora vocês animais sujos estão detendo atletas”, dizia um post publicado na conta da embaixada no Twitter pelo usuário @mjgdogs. “Trump deteria vocês animais sujos”. Eles se referiram à polêmica envolvendo o nadador americano Ryan Lochte, que mentiu sobre ter sido assaltado a mão armada no Rio de Janeiro, causando um grande mal-estar entre os dois países.

Em um e-mail com palavrões, outro homem disse que o Brasil era cloaca malcheirosa que realizava a pior Olimpíada da história. “Quando Trump for presidente, vocês estarão ferrados”, afirmou.

De acordo com a matéria veiculada pelo jornal Estado de S. Paulo, a maioria dos eleitores do Republicano não distribui ofensas racistas de maneira indiscriminada, mas a retórica usada pelo candidato desperta reações violentas em muitos deles. Vídeo divulgado pelo New York Times com cenas de vários comícios de Trump mostra o uso de expressões racistas, sexistas, homofóbicas e xenófobas. Os alvos preferenciais são muçulmanos e latinos – além de Hillary Clinton.

A internet é a principal arena das agressões verbais dos seguidores do candidato e de grupos de extrema direita que até pouco tempo eram mantidos na periferia da sociedade americana.

Em artigo publicado em maio, o jornalista do New York Times Jonathan Weisman descreveu a onda de comentários antissemitas que recebeu depois de publicar no Twitter o link para um ensaio sobre a emergência do fascismo nos EUA. A maioria dos ataques era de seguidores de Trump.

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