O secretário de Defesa, Pete Hegseth, autorizou o envio de até 600 advogados militares ao Department of Justice (DOJ) para atuar temporariamente como juízes de imigração. O plano prevê que os primeiros 150 profissionais, incluindo militares da ativa e civis, sejam destacados já nas próximas semanas.
Atualmente, há um acúmulo de cerca de 3,5 milhões de processos nos tribunais de imigração. Ao mesmo tempo, mais de 100 juízes foram afastados ou aceitaram renunciar após pressão do governo, segundo o sindicato da categoria. Isso reduziu o número de juízes ativos para cerca de 600, o que significa que a entrada dos militares dobraria esse efetivo.
Especialistas em direito migratório criticaram a decisão, alertando que os advogados militares não possuem a formação específica para lidar com casos complexos, que muitas vezes envolvem risco de vida para os imigrantes. “É como pedir para um cardiologista fazer uma cirurgia de quadril”, disse Ben Johnson, diretor da American Immigration Lawyers Association.
A ex-juíza de imigração Jennifer Peyton, demitida em julho, também questionou a eficácia da medida. Segundo ela, o treinamento de novos juízes costuma levar meses e inclui acompanhamento de mentores durante dois anos. “Seis meses mal dão para começar a entender a complexidade dos processos”, afirmou.
O memorando obtido pela imprensa prevê que a atuação dos advogados militares como juízes dure inicialmente 179 dias, com possibilidade de renovação. O documento também ressalta que é preciso garantir que não haja violação da lei que impede o uso das Forças Armadas em atividades de aplicação da lei dentro do país.