Brasil

PF encontra mais de R$ 51 milhões em apartamento de Geddel

Geddel Vieira Lima, que integrava a quadrilha dos “anões do Orçamento”, escondia malas de dinheiro em um bunker

Malas de dinheiro foram encontradas em apartamento de Gedel, em Salvador
Malas de dinheiro foram encontradas em apartamento de Gedel, em Salvador

A Polícia Federal demorou quase até a meia-noite da terça-feira (5) para contar as milhares de e notas de reais e dólares encontradas em um suposto bunker onde o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) armazenaria recursos ilícitos, em Salvador, na Bahia. E a contagem final somou a espantosa quantidade de 51.030.866,40 reais, segundo o balanço definitivo da PF, que precisou de sete máquinas para contar os milhares de notas. Além de reais, nessa quantidade também se contabilizaram dólares, 2,688 milhões (8,387 milhões de reais).

O dinheiro foi encontrado durante uma operação da PF deflagrada na manhã de terça-feira que apreendeu milhares de reais em espécie. As imagens divulgadas pela assessoria da PF são impressionantes: foram recolhidas ao menos nove malas e sete caixas de papelão lotadas de notas de 100 e 50 reais. A montanha de dinheiro encheu ao menos dois porta-malas de camionetes usadas no cumprimento do mandado judicial.

Os policiais chegaram ao local onde o dinheiro estava armazenado após uma denúncia de que o ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer estaria escondendo documentos relacionados à uma das investigações da qual é alvo. Na prática, os policiais conseguiram muito mais do que esperavam. O imóvel onde estava a montanha de dinheiro não era do peemedebista, mas estava cedido a ele. Oficialmente, ele informava ao proprietário do local que guardaria documentos de seu finado pai, Afrísio Vieira Lima, no apartamento.

Batizada de Tesouro Perdido, a operação é uma continuação da Operação Cui Bono, que havia resultado na prisão de Geddel em julho. O cumprimento do mandado ocorre um dia depois que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, admitiu que a delação da JBS pode ser anulada porque três dos delatores teriam omitido informações aos investigadores. A PF não detalhou como chegou ao local e nem qual a origem do dinheiro.

Geddel era um dos principais assessores do presidente Michel Temer (PMDB), com forte influência no Congresso Nacional e apontado por delatores da Lava Jato como um dos receptores de propinas. Ele ficou dez dias preso e atualmente cumpre prisão domiciliar em Salvador.

No caso atual, é investigado por receber 20 milhões de reais em propina para empréstimos da Caixa Econômica Federal ou de liberar créditos do FI-FGTS em conluio com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o doleiro Lúcio Funaro e com o ex-dirigente do banco Fábio Cleto. Na ocasião do suposto recebimento de propina, Geddel era vice-presidente de de Pessoa Jurídica da Caixa. Entre os anos de 2011 e 2013, ele ocupou o cargo por indicação do PMDB, durante o Governo de Dilma Rousseff (PT). O peemedebista também foi ministro da Integração Nacional na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Considerado um dos articuladores do impeachment de Dilma, a carreira de Geddel começou a ruir após Marcelo Calero, então ministro da Cultura de Temer, denunciar que seu colega de esplanada tentou interferir ilegalmente em um processo de tombamento de imóvel que poderia beneficiá-lo. Geddel acabou pedindo exoneração do Governo, perdeu o foro privilegiado e, devido à série de investigações, passou a ser alvo mais fácil do Judiciário.

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