Esqueça o histórico confronto entre Joe Frazier e Muhammad Ali, de 1971, conhecida como a “luta do século”. Não faça comparações com os duelos envolvendo qualquer um dos mitos Rocky Marciano, Sugar Ray Leonard, Éder Jofre ou George Foreman. O grande entretenimento nos ringues atualmente reúne um pugilista, provavelmente em fase final de carreira, e um artista (influenciador/ator/comediante). E no dia 17 de maio, São Paulo terá mais um destes eventos: no card principal, Acelino “Popó” Freitas enfrenta o ator Duda Nagle na sexta edição do “Fight Music Show”.
Perto de completar 50 anos, o tetracampeão mundial Popó está de volta ao ringue, depois de derrotar outras personalidades não profissionais, como o humorista Whindersson Nunes e o ex-BBB Kleber Bambam. Um dos maiores nomes do esporte de todos os tempos, o baiano aderiu aos combates midiáticos e não se arrepende, apesar das críticas dos mais puristas. “Nos Estados Unidos a iniciativa já é um sucesso e estamos indo pelo mesmo caminho no Brasil. É uma forma de divulgar o boxe”, disse Popó. O adversário, o ator Duda Nagle, faz a sua estreia.
De fato, estas lutas têm atraído cada vez mais público na América, numa tendência que começou há quatro anos. Um dos pilares da iniciativa é o influenciador Jake Paul, que tem cerca de 30 milhões de seguidores no Instagram e mais de 20 milhões de inscritos em seu canal de Youtube. Isso ajuda a explicar a enorme audiência de seu combate contra Mike Tyson, no ano passado: transmitido pela Netflix, este foi o evento esportivo mais assistido da história, com mais de 108 milhões de espectadores simultâneos, além das 60 mil pessoas que compareceram ao AT&T Stadium, no Texas. Jake Paul, que recebeu o apelido de “Kim Kardashian do Boxe”, também já enfrentou Floyd Mayweather.
Na verdade, o pugilismo tradicional já estava perdendo popularidade e espaço na mídia há algum tempo. A falta de estrelas carismáticas, a dificuldade de organizar lutas de alto nível entre protagonistas do esporte e o sucesso do MMA são apontadas como possíveis razões do declínio. “O boxe é show business… e tem muita gente ganhando dinheiro com estas lutas midiáticas. Mas isso não é boxe. Aliás, o boxe como conhecemos no passado, já está morto”, lamentou o historiador Mike Silver, autor de vários livros sobre este esporte.
