O governo deve divulgar ainda neste mês um relatório sugerindo uma possível relação entre o uso do analgésico Tylenol (acetaminofeno) durante a gravidez e o aumento do risco de autismo em crianças. A informação foi divulgada pelo Wall Street Journal e gerou grande repercussão, derrubando as ações da Kenvue — fabricante do medicamento — em quase 10%.
O documento, elaborado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) sob a liderança do secretário Robert F. Kennedy Jr., também abordaria deficiências de folato como fator associado ao risco de autismo e recomendaria o uso de derivados do ácido fólico como forma de aliviar sintomas em alguns casos. O conteúdo oficial, entretanto, ainda não foi publicado, e especialistas alertam que, até que novas evidências sejam apresentadas, não há motivos para alarmismo.
Em resposta, a Kenvue reiterou que produto é aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para uso durante a gravidez e recomendou que gestantes consultem seus médicos antes de tomar qualquer medicamento.
Uma análise conduzida pela Icahn School of Medicine at Mount Sinai, publicada em agosto, reuniu 46 estudos com mais de 100 mil participantes e apontou que pesquisas de maior qualidade tendem a sugerir uma associação entre a exposição pré-natal ao acetaminofeno e maior risco de autismo e transtorno por déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
No entanto, os pesquisadores destacaram que a evidência não comprova causalidade e reforçaram a recomendação de uso cauteloso, em doses mínimas e por períodos curtos, sempre sob orientação médica. Organizações como a Autism Science Foundation e o American College of Obstetricians and Gynecologists afirmam que as evidências atuais são limitadas, inconsistentes e insuficientes para estabelecer uma relação entre a medicação e os transtornos.
Com informações do Wall Street Journal.