Estados Unidos

Salário mínimo não paga aluguel de dois quartos em nenhum estado dos EUA

Crise habitacional nos EUA afeta centros urbanos e pequenas cidades: estudo mostra que trabalhadores em tempo integral precisam de até três jornadas para ter moradia modesta.

Relatório mostra que nenhum estado americano oferece aluguel acessível com salário mínimo, mesmo para quem trabalha em tempo integral. Foto: Pexels

Um novo relatório da National Low Income Housing Coalition (NLIHC) revela que em nenhum estado americano um trabalhador recebendo salário mínimo consegue pagar o aluguel de um apartamento de dois quartos trabalhando 40 horas semanais. O estudo anual Out of Reach 2025 destaca a distância cada vez maior entre salários e custos de moradia no país.

De acordo com o levantamento, o valor necessário para bancar o aluguel de um imóvel de dois quartos considerado modesto, o chamado housing wage, é de $33,63 por hora. Esse número contrasta com o salário mínimo federal de $7,25, em vigor desde 2009, e ainda supera de longe o piso estadual da Califórnia, o mais alto do país, de $16 por hora.

Na prática, isso significa que, em várias regiões, um trabalhador que recebe salário mínimo precisaria cumprir entre 97 e 116 horas semanais, o equivalente a até três empregos de tempo integral, somente para cobrir os custos de um aluguel de dois quartos.

Mesmo aqueles que ganham acima do mínimo enfrentam dificuldades. O relatório aponta que a renda média por hora de locatários é de $23,60, insuficiente para bancar o aluguel de dois quartos. Em muitas cidades, essa disparidade leva famílias a gastar mais de metade do orçamento mensal só com moradia, deixando pouco para alimentação, transporte e saúde.

A falta de moradias acessíveis é considerada por especialistas um dos principais motores da crise de sem-teto que atinge diversas regiões urbanas. Além de pressionar os serviços sociais, essa realidade contribui para a instabilidade econômica e amplia desigualdades. “Sem uma política habitacional robusta, o problema só vai se agravar”, alerta a NLIHC, que defende mais investimentos em subsídios, programas de construção e proteção para inquilinos.

O estudo também destaca o impacto da disparidade salarial em profissões essenciais. Enfermeiros auxiliares, professores de educação infantil, atendentes de restaurantes e trabalhadores da limpeza estão entre as categorias que não conseguem arcar nem mesmo com aluguéis de um quarto em muitas cidades.

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