Antonio Tozzi Esportes

Seleção Brasileira ganha e perde

Okay, vencer a seleção do Catar – a única até agora já garantida para a próxima Copa do Mundo, que será disputada neste pequeno país do Oriente Médio – não deve ser motivo de júbilo. Ainda mais, se considerarmos que o placar de 2 a 0 (gols de Richarlison e Gabriel Jesus na primeira etapa) construído na noite de quarta-feira (5) no Estádio Mané Garrincha em Brasília não caracteriza a diferença de qualidade dos jogadores brasileiros e catarianos.

Bem, o amistoso serviu para Tite colocar em campo sua equipe considerada titular, talvez com as inclusões de Allison e Firmino substituindo Ederson e Gabriel Jesus, e testar alguns dos novos convocados para ver como reagem. O outro amistoso, desta vez contra Honduras, está marcado para este domingo (9) no Estádio Beira Rio em Porto Alegre. Depois, a Seleção Brasileira estreará na competição na sexta-feira (14) abrindo a Copa América diante da Bolívia em jogo marcado para o Estádio Morumbi em São Paulo.

Os gols de Richarlison e Gabriel Jesus, a boa atuação coletiva nos primeiros 45 minutos e o destaque de Philippe Coutinho, no entanto, foram nublados por um lance ocorrido aos 15 minutos de jogo, Neymar deixou o campo com um entorse no tornozelo direito após um pisão em falso no gramado e saiu do estádio com auxílio de muletas, sendo substituído por Everton Cebolinha, do Grêmio.

Neymar entrou em campo pressionado pelos problemas extracampo. Mas o inferno astral do atacante passou para dentro das quatro linhas. Pouco antes do gol de Richarlison, aos 16 minutos do 1º tempo, o camisa 10 virou o pé ao pisar em falso no gramado e deixou o campo aos prantos. Avaliado no banco, foi levado diretamente para o vestiário do Mané Garrincha. De lá, com um entorse no tornozelo direito na análise inicial da comissão, com auxílio de muletas, foi encaminhado para um hospital.

O entorse foi tão sério que os especialistas avaliam que Neymar deve demorar pelo menos seis semanas para começar a se exercitar. Portanto, diante desse prognóstico, não restou outra alternativa à comissão técnica se não a de cortar o principal jogador da Seleção Brasileira. Aqui cabe uma observação: há algumas pessoas que julgam Neymar ter sido cortado pelos problemas extracampo. Isto não é verdade. As imagens demonstram claramente que ele não teria condições de permanecer no grupo, visto que ele mal podia colocar o pé no chão.

Voltando à análise da partida, foram dois tempos distintos. Mesmo sem Neymar, o Brasil produziu muito no 1º tempo. Sob comando de Philippe Coutinho e auxílio de luxo de um participativo Dani Alves, o Brasil construiu o 2 a 0 e teve chances de ampliar. Richarlison, logo aos 16 minutos, abriu o placar após cruzamento de Daniel. Pouco depois, o mesmo Richarlison deixou Gabriel Jesus livre para ampliar. Coutinho quase faz o terceiro, mas o árbitro voltou atrás na marcação de pênalti após consulta no VAR.

Na segunda etapa, outro jogo. Com ritmo bem menos acelerado e festival de substituições espaçadas, a Seleção deu mais campo ao Catar, que até tentou, mas pouco fez. Sem Coutinho, o Brasil perdeu criatividade e não foi feliz nas investidas de Everton, Neres e Paquetá. O castigo quase veio no fim. Ederson cometeu pênalti em Abdulsalam – assinalado com auxílio do VAR -, mas Khoukhi acertou o travessão e desperdiçou a chance de diminuir o placar no último lance do jogo.

O caso Neymar

De certa forma, o corte de Neymar trará paz à Seleção Brasileira. Após ter perdido seu craque, Tite ainda conta com um grupo recheado de bons jogadores – alguns remanescentes da Copa de 2018 e outros da nova geração – e pode perfeitamente conquistar o título da Copa América. Mais do que isto. Ele pode aproveitar a oportunidade para diminuir a Neymardependência que tomou conta da nossa seleção.

O que falar sobre o affair Neymar e Najilla Trindade? Quem sou eu para julgar o certo ou o errado nesta questão? Entretanto, não dá para considerar estranhas as circunstâncias que cercam o caso. Ora, a cada dia surgem novos fatos que servem para dar razão a Neymar. A moça parecia que, desde o início, não estava com boas intenções nesse relacionamento fortuito.

Em vez de ficar debatendo aqui o ele disse/ela disse, devemos fazer uma análise sobre como a carreira de Neymar vem sendo (mal) administrada. A fidelidade extrema a Neymar pai tem sido desastrosa ao craque. Para piorar, ele está cercado pelos “parças”, um grupo de amigos da época da infância e juventude que vivem (bem) às custas das mordomias proporcionadas pelo principal jogador do futebol brasileiro. Claro que jamais fazem qualquer crítica ao modo de agir do amigo com medo de perderem as benesses proporcionadas por ele.

Com 27 anos, a imagem de “menino” já não cola mais. Hoje, ele é uma das estrelas mais fulgurantes do futebol mundial, ao lado de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Portanto, está mais do que na hora de contratar uma equipe de profissionais para gerir sua carreira. Esse tipo de barraco serve apenas para prejudicar sua imagem e consequentemente colocar em risco contratos milionários. Em função desta acusação de estupro, a Mastercard suspendeu sua campanha, que seria veiculada durante a Copa América, porque Neymar, o embaixador da marca, está com sua imagem pública em baixa. A Red Bull também está monitorando os passos para ver que medidas tomar. Isto sem contar as repercussões junto ao PSG, clube que lhe paga um altíssimo salário.

Ora, um staff profissional jamais permitiria que ele entrasse nesta “roubada”, na qual só ele tem a perder. A suposta vítima está tendo sua vida vasculhada e por certo não sairá também com uma boa imagem. Entretanto, Najilla não significa nada no cenário do marketing internacional enquanto Neymar é uma estrela.

Não se trata de ser moralista – até porque como qualquer ser humano ele é passível de erros -, apenas de entender a situação. Hoje, Neymar não é apenas um jogador de futebol. Ele representa uma pequena empresa que vive sobretudo de sua reputação. Ou seja, deveria estar concentrado basicamente na reconstrução da imagem junto ao público brasileiro, abalada depois da série de quedas na Copa do Mundo disputada no ano passado na Rússia que lhe valeram o apelido de “Cai Cai”.

Agora, ele deveria aproveitar a ausência forçada dos campos de futebol, para estudar uma maneira de sair deste imbroglio e paralelamente a isto constituir uma equipe de profissionais que possa assessorá-lo em todas as áreas – dos contratos de patrocínio ao modo de vestir e de se comportar, passando por uma competente assessoria de Relações Públicas e Imprensa.

Por falar em imprensa, o caso Neymar provocou um efeito colateral sobre Mauro Naves, experiente repórter esportivo da TV Globo. Ele foi sacado da cobertura da Seleção Brasileira pela direção da emissora por ter fornecido o telefone de contato dos advogados da suposta vítima de estupro ao pai de Neymar. O intuito seria obter uma entrevista exclusiva em troca deste agrado. Porém, a informação chegou ao conhecimento dos diretores TV Globo, que decidiram por afastá-lo da cobertura.

Cruzeiro e Flu protagonizam jogo épico

Cruzeiro e Fluminense fizeram uma grande partida no Mineirão, na quarta-feira (5), com direito a virada, pênaltis perdidos, muito VAR, gol no fim e penalidades, que colocaram o time mineiro nas quartas de final da Copa do Brasil. Depois de ver o adversário sair na frente, o Cruzeiro virou na segunda etapa, mas viu João Pedro acertar uma obra prima de bicicleta e deixar tudo igual nos instantes finais. Como o primeiro jogo também terminou empatado, a decisão foi para os pênaltis. Nas cobranças faltou pontaria. Dos nove pênaltis batidos, apenas quatro foram convertidos, sendo três da Raposa, que venceu por 3 a 1 e selou a classificação.

Com muita posse de bola, movimentação e controle do jogo, o Fluminense ditou o ritmo do jogo. O Tricolor conseguiu chegar ao seu gol após consulta ao VAR, que fez Rafael Traci assinalar pênalti de Dedé em João Pedro. Ganso bateu, Fábio defendeu e Luciano completou o rebote para o gol, mas após conversa com o árbitro de vídeo, o juiz do jogo assinalou invasão e mandou voltar a cobrança. Na repetição, Ganso converteu e fez 1 a 0. Mesmo em desvantagem, o time da casa não conseguiu se impor e ainda viu Fred sair de campo machucado.

Na segunda etapa, o Cruzeiro partiu para cima do Flu para buscar a virada e a classificação nos 90 minutos. O empate veio logo aos 13 minutos, com Thiago Neves, de cabeça. Sassá teve a chance da virada logo depois, mas perdeu seu pênalti, defendido por Agenor. Pouco depois, mais um pênalti. Agora com Thiago Neves, que guardou e fez 2 a 1. Foi o estopim para o Fluminense se jogar no ataque com tudo. Fernando Diniz deixou o time com um zagueiro improvisado, e a luta deu resultado. Aos 51 minutos, após Fábio fazer duas grandes defesas, João Pedro puxou uma linda bicicleta e fez 2 a 2, levando a disputa da vaga para as penalidades.

Os pés não estavam calibrados nas cobranças. Lucas Silva, Ganso e Romero perderam as três primeiras chances. Caio Henrique fez 1 a 0 para o Flu, mas Pedro Rocha empatou para o Cruzeiro. João Pedro perdeu o terceiro do Tricolor, deixando a disputa em 1 a 1 após três cobranças. Sassá fez o segundo do Cruzeiro, enquanto Gilberto perdeu para o Fluminense. Coube a Thiago Neves fazer 3 a 1 e selar a classificação cruzeirense.

Os dois times voltam a campo no próximo fim de semana pelo Campeonato Brasileiro. No sábado, o Cruzeiro recebe o Corinthians, no Mineirão. Já o Fluminense joga no dia seguinte, quando faz o clássico contra o Flamengo, no Maracanã.

Pela Copa do Brasil, o Cruzeiro vai conhecer o próximo adversário na segunda-feira, em sorteio que será realizado na CBF.

Artilheiro classifica o Furacão

Marco Ruben, a cada gol, torna-se mais identificado com a torcida do Athletico. Na quarta-feira (5), quando o time precisou, mais uma vez ele apareceu para decidir. Com um gol aos 43 minutos do segundo tempo, o centroavante deu a vitória por 1 a 0 ao Furacão diante do Fortaleza, na Arena da Baixada, e classificou a equipe de Tiago Nunes às quartas de final da Copa do Brasil (o jogo de ida das oitavas terminou 0 a 0). Num duelo de ataque contra defesa, o Athletico conseguiu furar a retranca do Fortaleza nos minutos finais, quando o rival já tinha um jogador a menos – Carlinhos foi expulso.

Não era difícil prever que o Athletico, ainda mais em casa, tivesse controle da bola durante a maior parte do tempo. E que o Fortaleza, longe de sua torcida, jogaria no erro do adversário para tentar contra-ataques. Em um bom primeiro tempo, as duas equipes criaram chances a partir de suas estratégias. No início, o Fortaleza se retraiu, com as linhas bem próximas, e gerou espaços a partir de passes errados do Athletico – na melhor chance, aos 23 minutos, Osvaldo cruzou da direita, e Rony afastou o perigo na cara do gol. O Furacão também teve suas chances, a principal delas em um chute na trave de Léo Pereira, já nos minutos finais.

O Athletico tinha intenção de resolver o jogo no tempo normal, e por isso Marcelo Cirino iniciou a segunda etapa no lugar de Wellington. Apesar do maior volume de jogo, o Furacão demorou a criar chances, deixando a torcida preocupada na Arena da Baixada. O Fortaleza fez um jogo de muita marcação, tirando espaços e arrastando a partida até os pênaltis, até que Carlinhos foi expulso por falta em Cirino. Com um a mais, o Athletico ainda contou com as entradas de Bruno Nazário e Braian Romero para pressionar ainda mais. Felipe Alves fez grandes defesas para o Fortaleza, mas não conseguiu segurar a cabeçada de Marco Ruben, aos 43 minutos, responsável pela classificação rubro-negra. No fim, Santos ainda salvou o Furacão do empate em uma cabeçada de Tinga.

O Athletico vai a São Paulo enfrentar o Palmeiras, sábado (8), na arena do rival. No mesmo dia, o Fortaleza encara o Grêmio, em Caxias do Sul. Os dois jogos são válidos pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro. Classificado, o Athletico vai conhecer o rival das quartas de final em sorteio a ser realizado na CBF, na próxima segunda-feira (10).

RJ terá cinco concorrentes para sediar decisão da Libertadores 2020

O governo do Rio de Janeiro oficializou a candidatura do Maracanã para sediar a final de 2020, mas terá uma concorrência de peso. A Associação de Futebol da Argentina indicou que duas cidades do país têm interesse em sediar a grande decisão do ano quem.

Quito, do Equador, e duas cidades da Colômbia, sendo uma delas Bogotá, também devem se candidatar. A decisão sobre o assunto só será tomada partir do segundo semestre deste ano.

A sede da final da Libertadores deste ano será Santiago, no Chile.

Confrontos das oitavas de final da Libertadores 2019:

• Palmeiras x Godoy Cruz
• Cruzeiro x River Plate
• Internacional x Nacional
• Cerro Porteño x San Lorenzo
• Libertad x Grêmio
• Boca Juniors x Athletico
• Flamengo x Emelec
• Olimpia x LDU Quito

Copa Mundial de Futebol Feminino

Se engana quem pensa que Marta, aos 33 anos e seis vezes eleita melhor jogadora do mundo pela Fifa, não tem mais ambições na carreira. Perto de disputar sua quinta Copa do Mundo, a craque do Brasil utiliza uma das piores derrotas de sua trajetória para manter viva sua esperança de conquistar o título inédito para o futebol feminino brasileiro. A camisa 10 relembra, com olhos mareados, do vice em 2007 para a Alemanha.

“É duro, lógico que é duro chegar a uma final de Copa do Mundo, como foi em 2007, e não conseguir o êxito. É difícil lembrar, mas é uma coisa que vai ficar para o resto da minha vida. Eu procuro, até hoje, entender o que realmente faltou para que a gente pudesse conquistar esse título em 2007. A gente fez uma ótima campanha, fez grandes jogos, mas o resultado final não foi o esperado. E é isso que as pessoas lembram. É isso que a gente vai lembrar também e vai sempre se cobrar. Só nascendo de novo para esquecer esse episódio”, reconheceu Marta.

É por isso que Marta não nega nenhuma chance que lhe é dada. Em 2003 e 2011, o Brasil ficou nas quartas de final. No último Mundial, caiu nas oitavas, para a Suécia. As quedas nas últimas campanhas e as nove derrotas nas últimas nove partidas não a desanimam para o desafio na França, a partir do dia 9 de junho.

“Enxergo essa expectativa toda, ela existe, como falei, é mais uma oportunidade. É dessa maneira que eu enxergo. Deus está me dando mais uma vez a oportunidade de jogar uma Copa do Mundo, de lutar por esse sonho, que não é só da Marta atleta, mas da Marta torcedora, da Marta que quer ver o futebol feminino no país dela cada vez melhor”, disse a jogadora do Orlando Pride.

O Brasil está no Grupo C da Copa do Mundo Feminina, ao lado de Austrália, Itália e Jamaica. A estreia é contra as jamaicanas, no dia 9, em Grenoble.

Copa Intercontinental pode ser recriada

O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, tem o plano de recriar a Copa Intercontinental, que entre 1960 e 2004 opôs os campeões da Libertadores e da Copa dos Campeões (depois Liga dos Campeões) da Uefa.

Na quinta-feira (6), após o Congresso da Fifa em Paris, o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, admitiu a possibilidade de recriar a disputa entre os campeões continentais de Europa e América do Sul.

Em 2017, a Fifa reconheceu os vencedores do torneio como campeões mundiais. Agora o projeto tem outro peso, menor, até porque a Fifa acaba de anunciar a criação de um novo Mundial de Clubes, com 24 participantes – sendo oito da Europa e seis da América do Sul.

A Conmebol não quer criar concorrência ao torneio da Fifa, mas aproveitar o fato de que os duelos entre clubes de diferentes continentes vão ficar bem menos frequentes – o novo Mundial só será disputado uma vez a cada quatro anos.

O assunto é tratado com cautela, como um plano que precisa ser bem trabalhado para não ser descartado prematuramente. A entidade sul-americana não vê possibilidade de tirar a ideia do papel antes de 2021, ano em que estreia o novo formato do Mundial de Clubes, com 24 participantes.

A “nova” Intercontinental também envolveria menos custos, menos tempo e uma organização mais simples, já que envolveria apenas dois times se enfrentando num campo neutro. Também é provável que o plano da Conmebol enfrente resistência na ECA, a associação de clubes europeus.

A Intercontinental foi organizada pela última vez em 2004. A partir do ano seguinte, entrou no calendário o Mundial de Clubes da Fifa, disputado por sete times, representantes das seis confederações e do país-sede – Japão, Emirados Árabes Unidos e Marrocos já abrigaram o campeonato. Em 2019 e 2020, suas últimas edições, o torneio será no Catar.

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