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Senadores do Grupo dos Oito querem ressuscitar a reforma imigratória

Esgotados os recursos do atual governo para resolver o problema imigratório, grupo de senadores articula nova iniciativa pela reforma imigratória para depois da eleições de novembro

Senador Lindsey Graham fala pelo “Grupo dos Oito”
Senador Lindsey Graham fala pelo “Grupo dos Oito”

DA REDAÇÃO – Antevendo uma derrota Republicana nas eleições de novembro, especialmente por causa do voto latino, o senador Lindsey Graham (R-South Carolina) já articula a volta do “Grupo dos Oito” (Gang of Eight), um grupo de senadores de ambos os partidos que promoveram um projeto de reforma imigratória integral em 2013.

“Vou dizer o que vai acontecer em 2017”, disse o senador ao website Politico. “Vou ressuscitar o projeto do Grupo dos Oito e convidar todo mundo para se juntar a nós para melhorá-lo.”

Graham não é o único que deseja a volta do projeto, que acabou derrubado pela Câmara de Deputados (House of Representatives). Vários outros parlamentares veem uma oportunidade para a reforma em 2017, especialmente se Hillary Clinton for eleita presidente e os Republicanos sofrerem nova derrota entre latinos. O grupo étnico que mais cresce nos EUA está mais do que nunca afastado do GOP (Grand Old Party – o Partido Republicano), graças a delarações polêmicas do candidato do partido, Donald Trump, que já prometeu deportar todos os 11 milhões de imigrantes irregulares nos Estados Unidos, e que já chamou mexicanos de “estupradores” e “assassinos.”

O líder do Grupo dos Oito, Chuck Schumer, está cotado para se tornar líder da maioria no Senado, caso os Democratas retomem o controle da Casa em novembro. O senador por New York já afirmou em entrevistas recentes que o assunto imigração tem prioridade no Capitólio. O bloqueio das ações executivas do presidente Obama pela Suprema Corte demonstrou que qualquer grande mudança na política imigratória deve necessariamente passar pelo Congresso.

É grande a pressão sobre os Republicanos para uma ação imediata. Vários senadores oriundos de estados com grande população latina – como David Perdue (Georgia) e Thom Tillis (North Carolina) – foram eleitos em 2014 e ansiosos para tratar do assunto.

Ao mesmo tempo, ativistas pela causa imigratória preparam uma nova movimentação pela reforma em 2017. Eles têm conversado com parlamentares e promovido reuniões de apoio à causa, longe de Washington, a fim de conquistar as bases conservadoras para juntarem-se à luta pela reforma.

“Na hora em que for possível mover-se, nós nos moveremos,” disse o senador Jeff Flake (R-Arizona), outro membro do Grupo dos Oito. “Se não entenderem [a urgência da matéria] faremos uma autópsia depois das próximas eleições para vermos o que pode ser feito.”

Embora o atual presidente da Câmara (Speaker of the House), Paul Ryan (R-Wisconsin), seja mais receptivo à reforma que seu predecessor, John Boehner, qualquer ação no ano que vem provavelmente virá do Senado.

E ainda que recrudesça uma iniciativa política pela reforma, o Congresso vai esbarrar nos mesmos obstáculos que a impediram no passado. Para começar, os Republicanos acreditam que a reforma não pode ser feita de uma só vez, enquanto os Democratas defendem um pacote de medidas completo.

Outro problema é o senador Marco Rubio (R-Flórida). O ex-candidato a candidato à presidência fez parte do Grupo dos Oito, mas afastou-se da causa por conta de sua campanha. “Não acredito que a abordagem integral vá passar, e nem que seja a melhor coisa a ser feita,”, disse Rubio, que recentemente anunciou que vai candidatar-se à reeleição.

O debate sobre a reforma imigratória vai ser conduzido ao sabor da corrida presidencial, e os dois candidatos divergem radicalmente na questão. O crescimento de Trump dentro do Partido Republicano é justificado por muitos como consequência de sua linha-dura com relação à imigração: a construção do muro (pago pelo México), a deportação sumária de irregulares e a proibição de entrar no país para estrangeiros muçulmanos.

Hillary Clinton abraçou a causa liberal e prometeu uma reforma nos primeiros cem dias de seu governo. Disse também que vai expandir as ordens executivas de Obama, embora o governo atual já tenha dilatado os seus poderes até o limite na questão.

O senador Jeff Sessions (R-Alabama), que trabalha deligentemente para derrubar qualquer iniciativa de reforma imigratória em Washington, disse que o resultado das urnas em novembro vai ser crucial para o assunto. “A vitória de Trump fará com que em relativo curto espaço de tempo possamos acabar com ilegalidade na fronteira para trazer de volta o país ao que julgo ser o melhor para a maioria”, disse o senador, um dos primeiros a abraçar a campanha de Trump.

Nos últimos meses, várias instituições de apoio à reforma têm trabalhado com afinco e longe de Washington para construir uma base sólida para a causa. O National Immigration Forum organizou mais de 90 encontros este ano, entre organizações religiosas, policiais e empresariais. A organização FWD.us, liderada pelo co-fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, promoveu diversas reuniões em junho para debater o assunto.

Não está certo ainda, entretanto, se o novo esforço vai levar a reforma além do que ela foi da última vez. Ganhando ou perdendo em novembro, Trump mostrou a força do assunto entre o eleitorado Republicano. Os parlamentares do GOP vão lebrar-se disso.

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