Brasil Geral

STF autoriza e ex-presidente Lula concede entrevista

Jornalistas da Folha de São Paulo e do El País são os primeiros a entrevistar o petista depois da prisão

Ex-presidente falou à Folha de São Paulo e ao El País (Foto: reprodução de vídeo)

Da redação, com El País – Condenado a 12 anos de cadeia por lavagem de dinheiro e corrupção passiva decorrente das investigações da Operação Lava-Jato, o ex-presidente Lula falou pela primeira vez com jornalistas, um ano depois da sua prisão. O STF autorizou a concessão da entrevista, pedida há sete meses à Justiça pelos jornais Folha de São Paulo e El País.

Antes de responder aos jornalistas Florestan Fernandes Júnior, do El País, e Monica Bergamo, da Folha de São Paulo, o ex-presidente leu um pronunciamento onde se queixou de perseguição política feita pelo ex-juiz Sérgio Moro (hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro) e de uma campanha midiática, segundo ele principalmente orquestrada pela Rede Globo de Televisão, para demonizar seu governo e seu partido, o Partido dos Trabalhadores.

Na entrevista, o petista insiste na sua inocência e diz que tudo foi uma farsa montada para que ele não pudesse concorrer nas eleições do ano passado. “Eu tenho tanta obsessão de desmascarar o Moro, desmascarar o Dallagnol e sua turma, que eu ficarei preso cem anos, mas não trocarei minha dignidade pela minha liberdade”, disse o ex-presidente.

Em outro trecho da entrevista, Lula diz que os piores momentos foram quando morreram seu irmão e seu neto. “Às vezes penso que seria mais fácil que eu tivesse morrido, porque eu já vivi 73 anos, poderia morrer e deixar meu neto viver”, disse o ex-presidente. Mais adiante, ele lista algumas realizações do seu governo que, segundo ele, desagradaram as elites que dominam o País.

Sobre a corrupção nos governos petistas, ele reconhece que pode ter havido corrupção, mas reclama do processo que o condenou: “A corrupção pode ter havido, mas que se façam provas”, defendeu-se. Quanto às reformas no sítio em Atibaia que foram usadas em parte como argumento para sua condenação, o ex-presidente afirmou que ele nem é seu. “Se eu cometi o erro de ir a um sítio que alguém pediu e a Odebrecht reformou, então vamos discutir a questão ética, e não da corrupção”.

Lula foi condenado depois que uma investigação da Força-Tarefa da operação anti-corrupção Lava-Jato, liderada pelo então juiz Sérgio Moro, de Curitiba, concluiu em 2017 que o ex-presidente foi culpado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele foi novamente condenado numa segunda instância, em janeiro de 2018, pelo Tribunal Regional da Quarta Região (TRF-4), e ainda numa terceira instância, pelo Supremo Tribunal de Justiça em abril deste ano. Lula foi acusado e condenado pela Lava-Jato por receber propina da empreiteira Odebrecht, através da reforma de um sítio em Atibaia (SP), e de ser o proprietário oculto de um triplex no Guarujá (SP), adquirido como propina da construtora OAS, segundo a investigação.

A íntegra da entrevista pode ser lida através deste link.

 

 

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