A Suprema Corte dos EUA autorizou na segunda-feira (8) que agentes federais de imigração voltem a usar critérios como idioma, sotaque e aparência física para realizar abordagens na região de Los Angeles. A decisão, tomada por 6 votos a 3, suspendeu uma ordem de instâncias inferiores que havia restringido esse tipo de operação por considerar discriminatória.
Com o aval da Corte, o governo pode retomar batidas migratórias em LA baseadas em fatores como falar espanhol, ter inglês com sotaque, local de trabalho e traços raciais. Embora a decisão não permita a prisão automática de quem se enquadre nesses critérios, ela abre caminho para que agentes considerem esses elementos como parte de uma “suspeita razoável” para parar e interrogar pessoas.
Organizações de direitos civis , como a ACLU, criticaram a medida, classificando a decisão como uma “licença para o perfilamento indiscriminado”, alertando que comunidades latinas, sobretudo em Los Angeles, viverão sob risco constante de abordagens arbitrárias. Em nota, a entidade disse que o julgamento cria um precedente perigoso ao normalizar o uso de idioma e sotaque como indícios de irregularidade migratória.
O caso chegou à Suprema Corte após denúncias de que operações anteriores haviam detido inclusive cidadãos americanos e imigrantes com status legal. Tribunais locais haviam imposto restrições para evitar novas violações da Quarta Emenda, que protege contra buscas e detenções sem fundamento. A decisão agora derrubada era considerada uma salvaguarda importante para a comunidade.
Por enquanto, a decisão se aplica apenas à área de Los Angeles, mas especialistas avaliam que ela pode abrir precedente para outras regiões dos EUA. Se validado em processos futuros, o entendimento pode ampliar o espaço legal para que sotaque, idioma e origem presumida sejam usados em batidas migratórias em todo o país.