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Traficantes entregam brasileira que estava desaparecida há dez dias na Flórida

Brasileira e uma hispânica estavam nas mãos do bando e foram liberadas após pagamento de resgate

Uma cena de filme policial foi o cenário do fim do drama da família Rocha da Silva, em Miami Gardens, na noite desta quinta-feira (dia 9). Após o pagamento do resgate e uma espera de 4 horas em uma esquina de Miami Gardens – região famosa por suas atividades com tráfico de drogas – a senhora Tereza Iorio Rocha da Silva finalmente recebeu de volta a filha Ana Paula Rocha da Silva, de 16 anos, que estava desaparecida desde o dia 30 de Janeiro. Ana Paula estava na mão de traficantes, como a família já desconfiava. O bando seria liderado por um jovem conhecido como “Angel”, de 18 anos, que fazia parte do círculo de amizades da adolescente.

Na quarta-feira, num telefonema desesperado, a mãe implorou para que Ana Paula entrasse em contato. Nesse mesmo dia ficaram sabendo que uma outra adolescente, uma hispânica da mesma escola, também estava desaparecida, e que os traficantes haviam pedido $2,000 de resgate para entregar a jovem. A família da brasileira resolveu então unir forças e resgatar as duas. A hora marcada para a entrega das jovens foi 9h, da noite de quinta-feira. Os pais da jovem hispânica e a mãe de Ana Paula, acompanhada de uma amiga, foram até o local, o cruzamento da 103 St com a 22Av, em Miami Gardens. “Essa é uma área de comunidade negra e conhecida pela movimentação de tráfico”, destaca a amiga da família, que prefere não se identificar.

Ela acompanhou toda a transação.

“Ficamos escondidos atrás do posto de gasolina, disfarçados com roupas largas e pano na cabeça, à espera do bando”, conta ela.

Os traficantes, quando entraram em contato para pedir o resgate, ameaçaram trocar tiros e não entregar as jovens se alguém estivesse armado ou se houvesse polícia no local. “Não íamos chamar a polícia, mas como ele ameaçou ‘ter bang-bang’, e disse que estavam todos armados, resolvemos que seria perigoso irmos desacompanhados”, conta.

As mães acionaram a polícia para ir até o local, às 9h. “Ficamos esperando lá e ninguém aparecia. Acho que eles viam a polícia presente e voltavam; as horas foram passando e eles não chegavam”, diz.

A polícia decidiu se afastar para que a troca acontecesse. Mas só depois da meia-noite o bando se aproximou. Um jovem, de cor negra, se aproximou carregando as duas meninas. A mãe da hispânica levou o envelope com dinheiro, e esperava por eles no posto. Inicialmente o dinheiro seria pelo resgate da outra jovem, mas as mães exigiram que fossem entregue as duas jovens. “A hispânica falou: se não me der as duas meninas, não verão o dinheiro”, relata a amiga.

Na hora da troca a brasileira Ana Paula e a amiga, juntamente com o pai da outra adolescente, saíram de trás do posto de gasolina. Ao vir o grupo surgindo o traficante correu e entrou num carro vermelho, que já o esperava. A polícia veio em seguida, algemou as jovens e obrigou-as a levá-los até o cativeiro, mas ao chegar lá não encontraram os seqüestradores.

Em depoimento à polícia as jovens declararam que estavam detidas na casa, sem direito a sair para a rua e nem a se comunicar com a família. Elas não confirmaram mas a polícia desconfia que elas estivessem sendo usadas para fins de prostituição. Na manhã de sexta-feira (10/02), elas foram levadas para perícia e exames de saúde.

A família da brasileira, ainda chocada, resolveu levar a jovem de volta para o Brasil. Ana Paula voltou para Curitiba, sua cidade natal, neste sábado(11/02).

O fato serve de alerta para muitas famílias brasileiras, que têm adolescentes matriculados em High School. O bando de traficantes tinha laços de amizade com as duas jovens; eles se conheceram através da High School e as famílias das vítimas desconfiam que muitas outras meninas, brasileiras e de outras nacionalidades, estejam sendo assediadas pelo grupo.

Ana Paula estudava no PACE Center for Girls, de Broward.

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