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Trump admite pela primeira vez uma reforma imigratória

Em seu primeiro discurso no Congresso, presidente fala sobre uma reforma no sistema que valorize os imigrantes mais qualificados em vez de indivíduos com pouca formação profissional

Trump discursa no Congresso; atrás, o vice-presidente, Mike Pence, e o Speaker of the House (presidente da Câmara), Paul Ryan

Em seu primeiro discurso no Congresso dos Estados Unidos, na noite de terça-feira (28), o presidente Trump pela primeira vez abordou a possibilidade de uma reforma imigratória que legalize parte dos milhões de imigrantes vivendo irregularmente no país.

Trump deixou de lado o tom agressivo contra a mídia e os Democratas e adotou um estilo mais conciliatório e presidencial no discurso de pouco mais de uma hora, no plenário da Câmara dos Deputados (House of Representatives), em Washington, D.C.

O discurso foi cheio de promessas, entre elas uma total reformulação do sistema de saúde, corte de impostos, gastos de $1 trilhão na reforma de estradas e pontes, e a promessa de colocar os Estados Unidos sempre à frente quando se trata de relações internacionais. “Meu trabalho não é o de representar o mundo; meu trabalho é representar os Estados Unidos”, disse Trump.

Quanto à imigração, o presidente confirmou a construção do muro na fronteira do México e os esforços para endurecer na perseguição aos imigrantes irregulares, mas acenou com a possibilidade de uma reforma, apelando aos dois partidos nesse sentido.

Ele disse que ela seria possível caso Republicanos e Democratas cooperassem na sua eleboração, ressaltando que uma nova política imigratória deveria levar em conta um sistema meritório, que valorize individuos qualificados, em vez dos imigrantes com pouca formação profissional e educacional.

A tão esperada reforma imigratória foi tentada nos dois governos anteriores, sem sucesso. Os projetos do Republicano George Bush e do Democrata Barack Obama esbarraram na oposição de um Congresso dominado por Republicanos, que impediu o progresso das reformas. Trump disse que uma reforma aumentaria os salários e ajudaria as famílias a entrarem na classe média.

“Acredito que uma real e positiva reforma imigratória é possível, conquanto nos concentremos nos seguintes objetivos: melhorar o mercado de trabalho e os salários dos americanos, aumentar a segurança da nação e restaurar o respeito às leis”, disse Trump.

O presidente defendeu a adoção de um novo sistema baseado em mérito e na capacitação dos candidatos, e que contenha o acesso ao país de pessoas com baixa qualificação para o mercado de trabalho:

“Se passarmos do atual sistema de imigração de pessoas com baixa capacitação e adotarmos um sistema baseado no mérito, teremos muitos benefícios: pouparemos dólares, elevaremos os salários e ajudaremos as famílias em dificuldades – incluindo famílias de imigrantes – a ingressar na classe média”.

Segundo o presidente, Canadá e Austrália adotam este sistema, que segue o princípio básico de que aqueles que queiram entrar no país tenham como se sustentar financeiramente.

Pouco antes de seu discurso, a imprensa americana divulgou que o presidente considera apresentar uma legislação que proporcione aos imigrantes uma rota para o status legal, mas isso não foi mencionado no Congresso.

Opinião do advogado

Para o advogado de imigração Ludo Gardini, o discurso de Trump representou um certo alívio para os imigrantes. “Confesso que quando o presidente tomou posse eu estava com medo e sem esperança de alguma reforma imigratória. Agora existe uma esperança renovada, sem dúvida nenhuma já é um começo. Ele deixou claro que não vai tolerar pessoas que queiram imigrar para os EUA e usar recursos do governo. Ele vai beneficiar imigrantes que se qualificam para trabalhar e beneficiar pessoas que estudaram e podem trazer benefícios para o país. Para as pessoas que estão aqui, que estão em dia e não custam dinheiro para o governo, essas pessoas podem ser beneficiadas por uma reforma imigratória”.  

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