A possibilidade de imposição de uma tarifa de 25% sobre smartphones fabricados no exterior, anunciada pelo governo na sexta-feira (23), tem como alvo principal a Apple e a Samsung, e visa forçar o retorno da produção desses dispositivos para o solo americano. A decisão foi motivada pela expansão da produção da Apple na Índia, que, segundo o presidente Donald Trump, contraria os interesses econômicos dos Estados Unidos. Ele ressaltou ainda que as companhias que construírem fábricas no país ficarão isentas das tarifas.
Em resposta ao anúncio, a Apple divulgou que investirá $ 500 bilhões nos próximos quatro anos no país, com a criação de 20 mil empregos, focando na produção de servidores de inteligência artificial e na fabricação de chips. A transferência de toda a cadeia produtiva para os Estados Unidos é um desafio para a companhia, pois demandaria tempo, mão de obra qualificada e uma infraestrutura industrial ainda inexistente.
Especialistas afirmam que essa transição levaria anos e aumentaria substancialmente os custos para a Apple, com reflexos diretos para o consumidor americano. Segundo estimativas, se produzido integralmente no país, o preço de um iPhone topo de linha poderia saltar dos atuais $ 1.000 para até $ 3.500. A empresa já produz parte de seus dispositivos na Índia e no Vietnã, e monta a maior parte deles na China.
O chefe de pesquisa em tecnologia da Wedbush Securities, Dan Ives, afirmou à CNN que produzir um iPhone nos Estados Unidos é economicamente inviável no momento. Segundo ele, a cadeia de suprimentos global foi projetada para eficiência e custo, e uma mudança sob pressão causaria “rupturas profundas”.
Já a Samsung, que fabrica quase metade de seus smartphones no Vietnã e a maior parte de suas TVs no México, alertou que as tarifas poderão afetar diretamente suas vendas nos Estados Unidos. A empresa está avaliando a possibilidade de realocar parte da produção para evitar prejuízos.