Um estudo recente do MIT Media Lab acendeu um alerta sobre os efeitos do uso do ChatGPT no desempenho cognitivo de jovens adultos. A pesquisa, conduzida com 54 participantes entre 18 e 39 anos, comparou grupos que escreveram redações por conta própria, com Google Search ou com o ChatGPT. Os resultados mostraram que os usuários do chatbot apresentaram atividade cerebral menor e desempenho inferior, tanto em aspectos linguísticos como comportamentais.
A pesquisa ainda não passou por revisão de outros pesquisadores, e foi liderada por Nataliya Kosmyna, que é cientista do MIT desde 2021. Com ajuda de eletroencefalogramas, os especialistas observaram que os participantes que usaram o ChatGPT foram, aos poucos, se tornando mais passivos, copiando trechos prontos e entregando textos semelhantes entre si, descritos pelos professores como “sem alma”. Já aqueles que escreveram sem nenhuma assistência digital mostraram mais criatividade, memória ativa e engajamento com o conteúdo, segundo a revisão.
Kosmyna afirmou que decidiu divulgar o estudo antes da revisão formal por temer decisões que chama de “precipitadas” como a implementação de IA em ambientes educacionais. “Tenho medo que algum político resolva criar um ‘Kinder GPT’. O que seria um desastre para pequenos cérebros em formação”, disse ela. Em um experimento adicional, participantes que usaram o ChatGPT inicialmente e depois tentaram reescrever seus textos sem ajuda demonstraram memória fraca e baixa atividade nas ondas cerebrais ligadas à aprendizagem.
O estudo não nega o potencial da IA na educação, mas reforça que seu uso precisa ser repensado. “Educar para o uso consciente dessas ferramentas é essencial”, defendeu Kosmyna. Ela e sua equipe já trabalham em nova pesquisa sobre os impactos da IA na programação de software, e os resultados iniciais são ainda mais preocupantes, segundo ela.
