Antonio Tozzi Esportes

Adiós brasileños

Pois é, conforme todos esperavam, o São Paulo foi eliminado da Copa Libertadores da América pelo Atletico Nacional ao ser derrotado por 2 a 1 (dois gols de Borja e um de Calleri) na noite de quarta-feira (13) no Estádio Atanasio Girardot, em Medellín, Colômbia. Na verdade, o Tricolor paulista já havia decretado sua eliminação na semana anterior ao ser derrotado por 2 a 0 pelo adversário em São Paulo diante de mais de 60 mil torcedores que lotaram o Morumbi. Registre-se que o time paulista vem queixando-se bastante das arbitragens nas duas partidas das semifinais. Em São Paulo, o árbitro argentino expulsou o zagueiro Maicon por ter feito uma “carícia” no centro-avante Miguel Borja e, com isso, receber o cartão vermelho direto. Após expulsão do zagueiro, contratado a peso de ouro junto ao Porto, de Portugal, o próprio Borja encarregou-se de marcar os dois gols da equipe colombiana – favorita para ficar com o título. Em Medellín, o São Paulo surpreendeu ao abrir o placar aos 9 minutos com Calleri. No entanto, Borja empatou aos 15 minutos e o Atletico Nacional voltou a mandar na partida. Porém, um pênalti sofrido por Hudson no final do primeiro tempo não marcado pelo árbitro chileno Patricio Polic gerou muitas reclamações dos tricolores. No segundo tempo, Carlinhos cometeu pênalti e novamente os jogadores do time brasileiro partiram para cima da arbitragem. Ele mantece a decisão, e Borja cobrou bem o pênalti, dando números finais à partida. Os protestos ostensivos provocaram a expulsão de Wesley e Lugano e os jogadores do Atletico Nacional apenas tocaram a bola até o final do jogo.

Incoerência na Conmebol

Na verdade, o São Paulo era o último remanescente do Brasil na Copa Libertadores da América. Juntamente com a Argentina, o Brasil é o país que mais tem clubes presentes na principal competição continental de futebol da América do Sul, que conta também com dois representantes mexicanos. Aliás, vale a pena um comentário pertinente. A participação de clubes mexicanos nesta competição é algo realmente sem sentido e deveria ser repensada. Ora, o México é filiado à Concacaf (Confederação de América Central, América do Norte e Caribe), portanto, o campeão da Copa da Concacaf é o legítimo representante da região no torneio intercontinental. Este ano, por exemplo, o América, da Cidade do México, é quem disputará a Copa Internacional de Clubes. Ou seja, caso algum clube mexicano vença a Copa Libertadores da América – algo que nunca ocorreu -, o vice-campeão é que representará a Conmebol, que congrega os clubes e federações da América do Sul. Em minha opinião, estas vagas deveriam ser retiradas dos mexicanos e redistribuídas para os clubes ul-americanos.

Terceiro ano fora da final

Deixando de lado a questão dos mexicanos, vale a pena analisar o desempenho dos clubes brasileiros na Libertadores. Este ano foram cinco representantes do país na competição: Corinthians (campeão brasileiro), Palmeiras (campeão brasileiro), Atlético Mineiro, Grêmio e São Paulo (classificado após derrotar o Cesar Vallejo do Peru, na Pré-Libertadores). Destes, o Tricolor paulista era claramente o mais fraco, tanto que quase não passou pela fraca equipe peruana na Pré-Libertadores. O Palmeiras, que investiu bastante na contratação de jogadores, foi o primeiro clube brasileiro a deixar a competição ao não conseguir sequer passar da fase de grupos, perdendo a vaga para Rosario Central (Argentina) e Nacional (Uruguai). A equipe uruguaia foi ainda responsável pela eliminação de outro clube paulista nas oitavas de final, o Corinthians, com dois empates – 0 a 0 em Montevidéu e 2 a 2 em São Paulo -, porque o time do Uruguai marcou dois gols fora de casa. O Grêmio também foi eliminado nesta fase pelo Rosario Central, com duas derrotas – 1 a 0 na Arena Grêmio e 3 a 0 no Gigante Arroyito.

Terceiro ano fora da final II

Nas quartas de final, o duelo entre Atlético Mineiro e São Paulo deixaria um clube brasileiro fora. O Tricolor paulista venceu no Morumbi por 1 a 0, mas perdeu por 2 a 1 para o Galo no Estádio Independência. O São Paulo classificou-se pelo critério de ter marcado um gol no campo do adversário e restou como único brasileiro no torneio. Apesar de ser o time mais fraco entre os brasileiros, o Tricolor paulista foi o último a sair da competição, após ter perdido os dois jogos para o clube colombiano. Vale a pena lembrar que este é o terceiro ano consecutivo que a final da Copa Libertadores da América não conta com nenhum clube brasileiro, depois de o Atlético Mineiro ter vencido a competição. Isto também se deve ao fato da falta de força política dos brasileiros na Conmebol. O próprio Palmeiras foi prejudicado em duas partidas, o Atlético Mineiro também foi na partida contra o próprio São Paulo. O Corinthians foi desclassificado pelo Boca Juniors após uma arbitragem desastrosa do árbitro paraguaio Carlos Amarilla. Ou seja, é preciso fortalecer os bastidores para evitar que os clubes brasileiros sejam eliminados por árbitros fracos ou mal intencionados. Agora, resta aos brasileiros pensar na Copa Libertadores da América de 2017. Enquanto isto, a final será entre Atletico Nacional e o vencedor da semifinal entre Independiente del Valle, do Equador, Boca Juniors, da Argentina – que decidiram a vaga na quinta-feira (14) à noite.

Brasileirão bastante competitivo

No âmbito doméstico, o Brasileirão está bastante atraente. Após 14 rodadas, três clubes brigam pela ponta. O Palmeiras lidera com 29 pontos, seguido de perto pelo Corinthians, com 28 pontos, e pelo Grêmio, com 27 pontos. O Santos completa o G-4, com 23 pontos – mesma pontuação de Atético Paranaense, Flamengo e Ponte Preta. Na parte de baixo da tabela, também a briga está boa. Com exceção do América Mineiro (8 pontos ganhos), que parece caminhar firme de volta à Série B, a briga para fugir do Z-4 está bastante acirrada. Os dois clubes pernambucanos (Sport e Santa Cruz, 12 e 14 pontos respectivamente) e Figueirense com 15 pontos completam os clubes que se encontram na zona de rebaixamento. Coritiba e Cruzeiro, ambos com 15 pontos, e Botafogo, com 16 pontos, também tentam fugir desta zona de rebaixamento.

Futebol mineiro precisa reagir

Causa estranheza a má campanha dos clubes mineiros no Campeonato Brasileiro 2016. Além do Coelho, que não soube se reforçar para uma competição mais difícil depois e conseguir o acesso à Série A, o Cruzeiro é uma incógnita. Apesar de ter contratado o português Paulo Bento, um treinador com experiência internacional, e alguns bons jogadores, a Raposa está em uma situação incômoda no Brasileirão. Mesmo o Galo, apontado por muita gente como um dos favoritos ao título, está em 10º lugar, uma colocação simplesmente mediana.

Janela movimenta Brasileirão

Uma coisa que a CBF e os clubes deveriam considerar – acho até que os clubes brasileiros deveriam se unir para formar uma liga própria – seria adpatar o calendário do futebol brasileiro ao calendário do futebol mundial (leia-se europeu). Todos os anos, isto se repete. Os torcedores não sabem quais jogadores seus clubes perderão nem quais virão. Ou seja, o campeonato pode sofrer uma reviravolta. O Flamengo, por exemplo, acabou de contratar Leandro Damião e, comenta-se, pode trazer Diego Ribas. O Corinthians reintegrou Pato e fortaleceu seu ataque. O São Paulo já perdeu Calleri e Ganso e Rodrigo Caio devem sair. Gabigol, Zeca e Lucas Lima são outros que podem deixar o país e desfalcar o Santos. Isso, sem contar a influência que as seleções brasileiras causam nos clubes. Vários clubes perderão atletas para a disputa da seleção de futebol que tentará conquistar a medalha de ouro olímpica pela primeira vez no Rio de Janeiro. Quatro clubes brasileiros sofrerão bastante ao cederem seus principais jogadores para integrar o elenco do futebol olímpico: Santos, Palmeiras, Grêmio e Atlético Mineiro. Além disto, durante as Eliminatórias da Copa do Mundo Rússia 2018, o Brasileirão continua e os clubes perdem seus principais jogadores em rodadas decisivas. Portanto, falar em favoritismo à conquista do título é algo totalmente prematuro e imprevisível.

Brasil despenca no ranking

A má campanha na Copa América Centenário derrubou ainda mais o Brasil no ranking mundial da Fifa. Agora, estamos em nono lugar. Aqui está a atual classificação, com as respectivas pontuações:

1) Argentina – 1585 pontos
2) Bélgica – 1401 pontos
3) Colômbia – 1331 pontos
4) Alemanha – 1319 pontos
5) Chile – 1316 pontos
6) Portugal – 1266 pontos
7) França – 1189 pontos
8) Espanha – 1165 pontos
9) Brasil – 1156 pontos
10) Itália – 1155 pontos

Portugal surpreende a Europa

Como se constata, Portugal ocupa agora a 6ª posição no ranking mundial da Fifa. Isto se deve ao fato do país-irmão ter conquistado pela primeira vez a Eurocopa. Este é o primeiro grande título do país no futebol internacional. Antes havia feito boas campanhas nas Copas do Mundo de 1966 e de 2006, quando ficou em 3º e 4º lugar. Em 2004, o país perdeu uma grande oportunidade ao chegar à final da Eurocopa contra a Grécia. Apesar do favoritism e de jogar em casa, a seleção dirigida na época Felipão decepcionou e teve de se contentar com o vice-campeonato. Agora, Portugal deu o troco na França, país anfitrião, ao derrotá-la no Estádio Saint Dennis por 1 a 0, gol de Eder na prorrogação.

Cristiano Ronaldo pode ser Bola de Ouro

Portugal não era a melhor equipe do torneio. A seu favor, contava apenas com um dos maiores jogadores do futebol mundial: Cristiano Ronaldo. Ironicamente, em um choque com o meia Payet, o craque português teve de deixar o gramado na metade do primeiro tempo. Todos pensaram que seria o prenúncio da derrota na final. No entanto, a perda de seu jogador mais valioso fez o time se unir e jogar com mais garra e vontade para superar a ausência dele. Com uma boa atuação coletiva e destaque para o goleiro Ruy Patricio e o zagueiro luso-brasileiro Pepe, os Navegadores calaram o Saint Dennis. Ronaldo demonstrou ser um atleta de equipe. Mesmo sem condições físicas, incentivou os companheiros, vibrou e voltou a usar a braçadeira de capitão para levantar a taça. Esta conquista praticamente garante a Bola de Ouro a Cristiano Ronaldo – campeão da Liga dos Clubes Campeões da Europa e da Eurocopa. Seu principal adversário, Lionel Messi, falhou na missão de vencer a Copa América Centenário com a Argentina e o Barcelona ficou de fora da decisão da principal competição do continente. Diante desses resultados, Cristiano Ronaldo praticamente assegurou a vitória na votação da Bola de Ouro, título dado ao principal jogador do mundo. O gajo merece!

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