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Avó brasileira está separada de neto autista há dez meses nos EUA

Em busca de asilo, eles se apresentaram a um posto de controle da imigração na fronteira e foram separados

Política de tolerância zero separou 2 mil crianças Photo NIJC Twitter
Política de tolerância zero separou 2 mil crianças Photo NIJC Twitter

A brasileira Maria Bastos e o neto Mateus, 16 anos, estão entre os imigrantes separados pelo governo depois de pedirem asilo nos Estados Unidos. Os familiares chegaram ao Estado do Novo México em agosto de 2017 e, desde então, nunca mais se viram. As informações são do jornal O Globo.

Há 10 meses, Maria e Mateus se apresentaram às autoridades imigratórias na fronteira em busca de asilo. Porém, foram levados para Estados diferentes — a avó está presa em um presídio federal no Texas e o neto está recebendo cuidados médicos especiais no Estado de Connecticut. As instituições encarregadas de seus cuidados já alertaram sobre a importância da reunificá-los. Devido a uma grave deficiência neurológica, a mentalidade de Mateus é a de uma criança na primeira infância.

Ao jornal, o advogado da família, Eduardo Beckett, disse que Maria sofria perseguição de um policial em sua cidade no centro-oeste brasileiro. Com medo, decidiu deixar o país e buscar asilo. Matheus sofre de severa epilepsia, severo autismo e danos neurológicos de longo prazo, necessitando de cuidados para todas as atividades.

Eduardo Beckett disse que sua cliente relatou para as autoridades, durante sua entrevista de medo, que ela e seu neto fugiram do Brasil depois que policiais a ameaçaram por expor o que ela disse serem as condições horríveis na escola em que seu neto participou. “Ela fez barulho, foi à polícia e ao promotor e depois à imprensa. O diretor foi demitido e ele tinha um irmão que é policial”, disse. “Então, o policial fez uma visita e disse a ela: ‘Vamos ver o que acontece com você’. Essa é a história dela em poucas palavras”.

Logo após a chegada, Vandelice e Matheus foram separados e, desde então, ele está sob custódia de diferentes organizações que cuidam de crianças imigrantes. Apesar de ter documentos do Brasil que a identificaram como guardiã legal de Matheus, ele foi classificado como menor desacompanhado porque sua avó foi considerada uma imigrante inadmissível pelos funcionários do ICE, de acordo com uma cópia do relatório do Departamento de Segurança Interna.

Na última sexta-feira (15), a Casa Branca divulgou que 1.995 crianças e adolescentes foram separados de 1.940 adultos na fronteira entre os Estados Unidos e o México entre 19 de abril e 31 de maio. A mudança veio com a nova política de processar criminalmente os detidos tentando entrar ilegalmente no país. Enquanto pais são levados para prisões federais, filhos ficam nos centros para imigrantes.

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