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Bombardeio contra imigrantes deixa ao menos 40 mortos na Líbia

Já naufrágio perto da Tunísia deixa 81 migrantes desaparecidos

Migrante recolhe pertences no centro de refugiados de Tajura, alvo de um ataque das forças de Haftar nesta quarta-feira (3) (Foto Ismail Zitouny Reuters)
Migrante recolhe pertences no centro de refugiados de Tajura, alvo de um ataque das forças de Haftar nesta quarta-feira (3) (Foto Ismail Zitouny Reuters)

Um ataque aéreo contra um centro de migrantes e refugiados em Tajura, no leste de Trípoli, deixou ao menos de 40 mortos e mais de 70 feridos na quarta-feira (3). Segundo o serviço de socorros, o número de vítimas ainda pode aumentar. “É um saldo preliminar e pode ser mais grave”, afirmou o porta-voz do serviço de socorros, Osama Ali. Segundo ele, no momento do ataque havia 120 migrantes no local.

Imagens de agências de notícias mostram corpos espalhados no chão e destroços do hangar que era utilizado como centro de confinamento para migrantes. Equipes de socorro reviram os escombros à procura de sobreviventes enquanto forças de segurança coordenam o acesso de dezenas de ambulâncias ao local.

Nos últimos dias, veículos de imprensa favoráveis ao marechal Khalifa Haftar informavam a iminência de “uma série de ataques aéreos” na região de Trípoli e Tajura. Haftar, que controla parte da Líbia com forças rebeldes, realiza uma ofensiva para controlar a capital, sede do Governo de Unidade Nacional (GNA, sigla em inglês), reconhecido pela comunidade internacional.

O GNA denunciou o ataque como “um crime odioso” de autoria do “criminoso de guerra Khalifa Haftar”. Segundo o GNA, trata-se de um ataque “premeditado” e “preciso” das forças do marechal Haftar contra o centro de migrantes.

Em Tajura estão localizadas várias instalações militares controladas pelo GNA, alvo de ataques regulares das forças de Haftar. O ataque teria sido uma vingança do marechal, que recentemente perdeu o controle da cidade de Gharyan, a cerca de 100 km de Trípoli.

Tunísia

Uma embarcação naufragou no litoral da cidade de Zarzis, na Tunísia, e 81 imigrantes estão desaparecidos desde segunda (1). O navio havia partido dois dias antes da cidade de Zuara, na Líbia. Ele estava à deriva, e foi localizado por um barco de pescadores. Foram eles que alertaram a Guarda Costeira.

Três pessoas foram resgatadas e enviadas a um hospital, mas uma delas morreu, de acordo com Chamseddine Marzoug, membro do Crescente Vermelho.

O litoral entre Trípoli (capital da Líbia) e a fronteira com a Tunísia se transformou, nos últimos dois anos, no principal reduto de máfias que traficam seres humanos, apesar da presença de embarcações patrulheiras europeias.

Segundo números da Organização Internacional para as Migrações (OIM), 597 imigrantes morreram no mar enquanto tentavam chegar à Europa desde o início de 2019.

Só na “rota central”, que parte da Líbia e é considerada uma das mais mortais do mundo, 343 faleceram.

O número de mortes nos seis primeiros meses deste ano é quase tão grande quanto o do ano passado inteiro (620).

Em 2019, algumas das ONGs que ajudam em resgates foram proibidas por alguns países. De acordo com a OIM, 27.834 migrantes chegaram à Europa de forma irregular pelas três rotas principais nos primeiros seis meses do ano, uma queda de 35% em relação ao mesmo período de 2018.

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