A brasileira Tamara Klink, 28, completou sozinha, em setembro, a travessia da Passagem do Noroeste, no Ártico, um percurso de cerca de 6.500 quilômetros que liga o Atlântico ao Pacífico. A rota, que antes só era possível com navios quebra-gelo, hoje pode ser feita por embarcações menores, reflexo direto do avanço do degelo na região.
Filha do explorador Amyr Klink, Tamara conta que a paixão pelo mar é herança, mas a jornada foi toda dela. “Meu pai me inspirou, mas quis que eu me perdesse e me achasse sozinha no mar”, diz. Ela virou a primeira latino-americana a cruzar o Ártico solo, enfrentando temperaturas abaixo de zero, longos períodos de solidão e diversos riscos, entre eles, a visita de um urso polar ao barco.
A travessia coroa uma trajetória de desafios. Em 2023, Tamara ficou oito meses isolada na Groenlândia, com o veleiro imobilizado pelo gelo. Ali enfrentou outro momento crítico: caiu na água ao pisar numa placa de gelo e precisou escalar um paredão congelado para sobreviver. “Vi a morte de perto”, relembrou, em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.
Na travessia mais recente, Tamara encontrou gelo só em 9% do percurso, um dado que é um alerta sobre o impacto da mudança climática. “Cruzei o Ártico não porque sou mais forte, mas porque o planeta está mudando”, disse. Para além do feito náutico, a viagem é um símbolo: a coragem de enfrentar o mar e mostrar que ele está em transformação.



 
																		 
																		 
																		 
																		