Comunidade

Brasileiro é condenado à prisão perpétua pelo assassinato de ex-namorada brasileira na Pennsylvania

Danilo Sousa Cavalcante foi condenado à prisão perpétua por homicídio em primeiro grau da brasileira Deborah Brandão; o caso ocorreu em abril de 2021

Danilo Sousa Cavalcante é condenado à prisão perpétua pela morte de Deborah Brandão. Foto: Chester County Police Department

Mais de dois anos depois da morte da brasileira Deborah Brandão, 33, na cidade de Phoenixville, na Pennsylvania, o caso de homicídio em primeiro grau foi concluído, na terça-feira (22), com a sentença de prisão perpétua para o também brasileiro Danilo Sousa Cavalcante, 34. O júri do condado de Chester levou apenas 15 minutos de deliberação para chegar ao veredicto contra o homem que esfaqueou sua ex-namorada até a morte na frente dos filhos dela. O crime ocorreu em 18 de abril de 2021.

“Isso não trará minha irmã de volta, mas é um alívio saber que ele nunca mais vai matar ninguém e nunca mais vai sair da prisão nos Estados Unidos”, disse a irmã da vítima, Sarah Brandão, ao AcheiUSA. Ela estava presente no tribunal quando Danilo recebeu a sentença e se dirigiu à família. “Quero pedir desculpas para eles”, disse o criminoso aos filhos e irmã da vítima.

Nesse momento, o juíz Patrick Carmody disse que seus atos não demonstravam nenhum remorso, já que, por não ter se declarado culpado, o acusado levou a família a testemunhar sobre o caso. “Por sua causa, uma criança [a filha de Deborah, hoje com 9 anos] teve que reviver a morte da própria mãe”, disse. “Essa foi uma decisão egoísta, de um homem pequeno”, completou o juíz, com a ajuda de um tradutor em português.

Os promotores, liderados por Deborah Ryan, apresentaram evidências de que Danilo havia deixado um churrasco em sua casa em King of Prussia para confrontar Deborah, trazendo consigo uma faca de cozinha. Em sua argumentação final, Ryan disse que os dois estavam envolvidos em um relacionamento abusivo com histórico de violência doméstica, no qual Danilo era “um namorado raivoso e ciumento que precisava estar no controle”.

Após a leitura do veredicto, a família de Deborah, reunida na sala do tribunal, se abraçou aos prantos. Ryan disse que ficou emocionada com a decisão do júri. “Hoje, Deborah Brandão e sua família tiveram a justiça que merecem”, disse ela.

A condenação por assassinato em primeiro grau acarreta em sentença de prisão perpétua obrigatória.

Motivo do Crime

O motivo do ataque permanece obscuro. No entanto, Ryan apresentou evidências de que Deborah havia descoberto que Danilo era procurado desde 2017 no Brasil, acusado de homicídio na cidade de Figueirópolis, em Tocantins. No dia anterior ao ataque, ela havia ameaçado levar essa informação à polícia depois que Danilo invadiu sua conta do Instagram para espioná-la, disse Ryan. “Ele então resolveu silenciá-la”, afirmou a promotora.

Leandro Cardozo Patricio, que compareceu ao churrasco no dia do assassinato, disse aos promotores, por meio de um intérprete, que Danilo havia dito que precisava “ir buscar sua mulher”.

Do lado de fora da casa de Deborah, no município de Schuylkill, enquanto seus dois filhos brincavam por perto, Danilo a confrontou. Ele então atacou a ex-namorada proferindo mais de 30 facadas que atingiram a moça no pescoço, peito e costas. Os filhos de Deborah gritaram para ele parar, enquanto assistiam, indefesos, ao assassinato da mãe.

Danilo fugiu do local do crime e Deborah foi levada ao Hospital Paoli, onde mais tarde foi declarada morta.

O advogado de Danilo, Sameer Barkawi, disse que o assassinato ocorreu no auge de uma discussão, quando ele estava “cego de raiva”. Ele trouxe a faca com ele, disse Barkawi, porque Deborah já havia cedido às suas exigências antes diante de ameaças. “É importante compreender a toxicidade desta relação”.

Após o ataque, Danilo ligou para a mãe e para a irmã e contou o que aconteceu, disse Barkawi, defendendo que a atitude demostrava que o ataque não foi premeditado, mas algo feito no calor da situação. “Ele foi movido por uma paixão intensa”, disse. Mas os jurados não se deixaram influenciar.

Dois amigos de Cavalcante, Francisco Lima e Michael Scahill, testemunharam que, depois do crime, Danilo dirigiu até uma empresa onde os três estacionavam trailers alugados. Lá, os dois ajudaram o brasileiro a lavar sangue de suas mãos, que estavam cortadas e sangrando devido ao ataque brutal. Eles então deram uma muda de roupa para Danilo, colocaram gasolina em seu carro e recomendaram que ele “desaparecesse”, testemunhou Scahill durante o julgamento. Nenhum dos dois amigos chamaram a polícia. Mais tarde, eles concordaram em testemunhar contra Danilo em troca de imunidade no processo.

Scahill, superintendente de construção de Phoenixville, disse que sabia que Danilo havia discutido com a ex-namorada, mas não tinha ideia de que ela estava morta até mais tarde, no mesmo dia. Mesmo assim, ele admitiu ter se desfeito das roupas encharcadas de sangue do amigo.

Horas depois do esfaqueamento, Danilo foi preso na Virgínia por um policial estadual que havia recebido um boletim sobre o assassinato.

Histórico de Violência Doméstica

Conforme apurou o The Philadelphia Inquire, oficiais de Upper Providence Township foram chamados ao apartamento que Danilo e Debora dividiam em Royersford, em junho de 2020, com denúncia de distúrbio. Lá, Deborah contou aos policiais que Danilo a agrediu durante uma discussão, mordendo seu lábio com força suficiente para tirar sangue e expulsando ela e os filhos do apartamento.

A polícia emitiu um mandado de agressão simples e Danilo, por meio de sua irmã, prometeu se entregar. Ele nunca o fez, segundo o policial de Upper Providence, Mark Minnick. Após um segundo ataque em dezembro de 2020, no qual Danilo perseguiu Deborah com uma faca, ela entrou com um pedido e recebeu ordem de proteção temporária contra o ex-namorado. No entanto, essa ordem foi indeferida em março de 2021, quando Deborah não compareceu a uma audiência no Tribunal de Família.

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