Em meio à pior crise das últimas décadas no setor audiovisual da Califórnia, o governador Gavin Newsom anunciou um pacote de $750 milhões em créditos fiscais para produções de cinema e TV feitas no estado. A medida tenta conter a debandada de filmagens para estados como Geórgia e New Mexico, além de países como Canadá e Reino Unido. O impacto da fuga de produções é evidente: de acordo com a FilmLA, a atividade em Los Angeles caiu 22% no primeiro trimestre de 2025, com quedas ainda maiores em filmes e séries (quase -30%).
O “Film and TV Tax Credit Program 4.0” vale até 2030 e oferece créditos reembolsáveis, uma demanda antiga da indústria. A expectativa é de gerar cerca de $1,1 bilhão em atividade econômica e 6.700 empregos diretos. Nos últimos anos, grandes estúdios têm encerrado produções ou transferido filmagens para fora da Califórnia por causa do custo elevado e pela concorrência de incentivos mais robustos. A situação levou analistas a alertarem para um “esvaziamento”, semelhante ao que ocorreu com Detroit, que perdeu seu protagonismo na indústria automobilística.
Com o anúncio do novo aporte, na quarta-feira (2), Newsom diz que a Califórnia “reafirma seu compromisso com o futuro do entretenimento”. A proposta recebeu apoio bipartidário e a nova fase do programa já aprovou 16 projetos para financiamento, segundo o gabinete do governador.
O sucesso do incentivo, porém, vai depender da agilidade no acesso aos créditos e da capacidade de competir com modelos já consolidados em outras localidades. Para os profissionais que enfrentam cancelamentos e cortes, que vêm se intensificando desde as greves de roteiristas e atores em 2023, esse plano é visto como uma tentativa de ressurreição de Hollywood — uma reação proativa, mas incerta.