Viver entre dois mundos é uma experiência que muitos brasileiros nos Estados Unidos conhecem bem. E é isso que o carioca Thiago Leoni transforma em cinema. Radicado em Los Angeles desde 2018, o diretor retrata nas suas obras o deslocamento, a adaptação e os dilemas de quem tenta se reinventar longe de casa.
“Ser imigrante é viver em constante tradução, de idioma, de comportamento e de si mesmo”, diz Leoni, formado em cinema pela UCLA. Seu olhar está voltado para histórias que tocam a comunidade brasileira espalhada pelos EUA, explorando desde ansiedades da juventude até desafios de imigração e identidade cultural.
Para ele, ainda falta em Hollywood diversidade real. “As grandes produções continuam centradas em narrativas americanas. Falta diversidade e a imigração quase sempre é tratada com drama, sem nuances”, observa, citando dados da McKinsey: só 4% dos papéis principais em filmes americanos são ocupados por latinos, mesmo representando cerca de 20% da população do país.
Seu primeiro curta, “Querido Espaço” (2020), produzido durante a pandemia, foi exibido em mais de 15 festivais e premiado em Roma, Tóquio e Paris. Desde então, Leoni mergulhou na temática da imigração: “Manziello” mostra um brasileiro equilibrando rotina e sonhos em Los Angeles, enquanto “Sofia. Take Um.” acompanha a jornada de uma jovem tentando se encontrar nos EUA.
Atualmente, Leoni trabalha em seu primeiro longa documental, acompanhando o ator Ivo Müller, outro brasileiro em trajetória artística nos EUA. Paralelamente, desenvolve o curta “Teto”, que mistura diferenças culturais e geracionais dentro de um relacionamento como metáfora para os limites invisíveis entre mundos distintos.