Comunidade Imigração

Falsos agentes do ICE: saiba como identificar e reagir às abordagens

O AcheiUSA entrevistou advogados especialistas em imigração para orientar a comunidade como se precaver de possíveis fraudes

Falsários usam o medo da deportação para extorquir e intimidar imigrantes vulneráveis (Foto: Flickr)
Falsários usam o medo da deportação para extorquir e intimidar imigrantes vulneráveis (Foto: Flickr)

A Flórida registra um aumento de situações envolvendo pessoas que se passam por agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE), o que tem gerado preocupação em comunidades imigrantes na Flórida. Entre os casos de grande repercussão está o de um homem preso em Indiantown, no condado de Martin, que se apresentava como oficial durante falsas paradas de trânsito, exigindo documentos de imigração das vítimas. Vestido com uniforme tático e portando um distintivo falso, ele intimidava e extorquia imigrantes. Em outro episódio, uma mulher tentou sequestrar a esposa de seu ex-namorado em um condomínio residencial. Para simular uma abordagem legal, ela utilizou uma camisa com a inscrição “ICE”, um cartão de xerife e um rádio portátil. A vítima conseguiu escapar com a ajuda de vizinhos, e a impostora foi presa.

O AcheiUSA entrevistou advogados especialistas em imigração para orientar a comunidade sobre como se precaver de possíveis fraudes. Segundo Daniel Toledo, do LeeToledo Law, falsos agentes se destacam pelo comportamento agressivo ou autoritário, enquanto oficiais legítimos seguem protocolos formais. Ele alerta que esse tipo de abordagem geralmente é feita por criminosos que estão em situação irregular no país, mas se aproveitam do medo de deportação dos imigrantes irregulares para cometer esse tipo de crime.

“Ao suspeitar de uma abordagem, é fundamental solicitar a identificação física do agente, que deve conter nome, foto e filiação à instituição. Esse pedido deve ser feito de forma calma e educada, evitando qualquer confronto”, aconselha Toledo (Foto: Divulgação)

O advogado de imigração Ludo Gardini, do Gardini Law, acrescenta que, embora seja difícil distinguir impostores de agentes reais — já que oficiais do ICE muitas vezes não se identificam claramente e chegam mascarados —, qualquer pedido de dinheiro para evitar a detenção caracteriza um golpe. Ele alerta para sinais claros de abordagem suspeita.

Gardini acredita que a estratégia de Trump é chamar a atenção do público para, posteriormente, propor uma mudança constitucional (Foto: Divulgação)
“Se for um agente real do ICE, ele vai chegar algemando você e levar para um centro de processamento. Se for falso, normalmente vai pedir dinheiro para não te levar. A orientação é clara: não pague e não se exponha”, ressalta. Gardini (Foto: Divulgação)

Em vias públicas, os imigrantes têm direitos claros: permanecer em silêncio, não assinar documentos sem a presença de um advogado e exigir um mandado legítimo caso haja tentativa de detenção. Embora não seja obrigatório fornecer documentos além da identificação, Toledo recomenda fazê-lo de forma tranquila, mantendo a comunicação respeitosa. Ambos os especialistas reforçam que, em caso de abordagem — verdadeira ou falsa — a pessoa mantenha a calma e peça que algum familiar ou amigo entre em contato imediatamente com um advogado.

Outro ponto que provoca confusão é o tipo de mandado apresentado pelos agentes. Gardini explica que há diferença entre mandado judicial e administrativo, e apenas o primeiro autoriza a entrada em residências. “O ICE costuma tentar usar um mandado administrativo, que não tem o mesmo poder legal de um mandado judicial. Os juízes, na maioria dos casos, não estão emitindo mandados judiciais para permitir entradas em casas. Se o agente não tiver esse documento, ele não pode entrar”, alerta.

Os especialistas orientam a não abrir a porta e solicitar calmamente a identificação do agente, contendo nome, foto e filiação. Além disso, pedir que passe o mandado por baixo da porta ou pela fresta da janela. O primeiro passo é verificar se foi assinado por um juiz e se está em seu nome. Em seguida, informe ao oficial que irá ligar para o seu advogado para que ele o oriente sobre a melhor forma de proceder. Caso identifique que se trata de um criminoso, ligue para a polícia e informe que uma pessoa está tentando invadir a residência.

Na visão de Gardini, a divulgação desses casos na mídia é essencial para a comunidade se proteger. Ele recomenda que denúncias sejam feitas de maneira cautelosa, utilizando redes sociais e canais comunitários para alertar sem se expor, além de procurar organizações de apoio e advogados especializados para registrar queixas de forma segura e, se necessário, anônima.

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