Antonio Tozzi Esportes

Fernando Diniz, o técnico dos recordes negativos

Fernando Diniz foi do céu ao inferno em menos de um mês: da alegria pela conquista da Copa Libertadores da América à tristeza por ter comandado a Seleção Brasileira em um de seus piores momentos nas Eliminatórias da Conmebol (Foto: Staff Images/CBF)
Fernando Diniz foi do céu ao inferno em menos de um mês: da alegria pela conquista da Copa Libertadores da América à tristeza por ter comandado a Seleção Brasileira em um de seus piores momentos nas Eliminatórias da Conmebol (Foto: Staff Images/CBF)

O atual técnico da Seleção Brasileira e do Fluminense, Fernando Diniz, está quebrando todos os recordes negativos à frente do escrete canarinho. Pois vejamos, o Brasil nunca havia perdido dois jogos seguidos nas Eliminatórias da Copa do Mundo da Conmebol. Após as derrotas para Uruguai e Colômbia fora de casa, este recorde foi para o espaço. E pela primeira vez os colombianos derrotaram os brasileiros nesse torneio. Nunca havíamos sido derrotados em casa durante as Eliminatórias, ao perder para a Argentina por 1 a 0 na terça-feira (21), com gol de Otamendi, esta marca também deixou de existir.

O irônico é que a Seleção Brasileira fez uma boa apresentação, teve mais volume de jogo e criou mais chances que o rival. No entanto, foi superada pela Argentina pela sexta rodada das Eliminatórias do Mundial de 2026. 

Em Barranquilla, na Colômbia, o Brasil havia começado bem e abriu o placar aos 5 minutos de jogo, com o gol de Martinelli. Porém, aos poucos foi perdendo o meio campo para o adversário e teve no atacante Luiz Diaz o protagonista da partida, ao infernizar a defesa brasileira e anotar dois gols de cabeça no goleiro Alisson, seu companheiro de equipe no Liverpool da Inglaterra. Aliás, o gol de Otamendi também foi marcado de cabeça em uma cobrança de escanteio. Isto demonstra os problemas de posicionamento da zaga brasileira.

Comentando a partida contra los hermanos, percebeu-se que, no primeiro tempo, a partida foi muito intensa, com forte marcação de ambos os lados. A Seleção Brasileira teve o mérito de impedir que o setor de criação da Argentina funcionasse. Messi não dispunha de liberdade para tentar suas jogadas. Enquanto isso, a equipe nacional buscava sair rápido para o ataque a fim de surpreender o adversário.

No intervalo, Marquinhos deu a vaga para Nino. Foi a estreia do zagueiro do Fluminense na Seleção Brasileira. A equipe comandada por Fernando Diniz manteve o ímpeto no segundo tempo. Dava trabalho para os defensores da Argentina. André se desdobrava no meio e ajudava bastante a dar segurança ao setor.

Na frente, a movimentação constante do ataque surtia efeito. Raphinha teve nova chance e Emiliano Martinez salvou novamente. A torcida que lotou o Maracanã sentia o bom momento e incentivava o time. Foi quando saiu o gol da Argentina aos 17 minutos, numa cabeçada de Otamendi.

Logo depois, Diniz trocou Gabriel Magalhães por Joelinton e Raphinha por Endrick, mudança esta aprovada pelo público, que recebeu o atacante do Palmeiras com aplausos. Bruno Guimarães sairia em seguida para dar vez a Douglas Luiz, assim como Martinelli, substituído por Raphael Veiga.

A Seleção tentou reagir e lutou até o fim, mesmo com um jogador a menos – Joelinton foi expulso aos 36 minutos. No entanto, não conseguiu o empate.

Mas a melhor oportunidade esteve nos pés de Martinelli, após boa jogada individual de Gabriel Jesus pela esquerda. Ele perdeu o gol, sem marcação, diante do goleiro, que fez nova defesa.

Martinelli, inspirado, era uma ótima opção pelo lado esquerdo. Ele levou perigo várias vezes à meta da Argentina. Por duas vezes, quase fez o gol, evitado em boas defesas de Emiliano Martinez. Raphinha também teve um bom momento já nos minutos finais da etapa inicial, numa cobrança de falta perto da área. A bola desviou na zaga e quase enganou o goleiro.

Diniz lamenta o resultado

O treinador da Seleção Brasileira, Fernando Diniz, lamentou o resultado:  “Foi um jogo de dois times tradicionais, muito fortes. A gente teve um número de finalizações parecido, mas o Brasil levou muito mais perigo do que a Argentina. O resultado, eu achei bastante injusto hoje.”

O Brasil criou algumas oportunidades de gol ao longo da partida, mas não aproveitou as chances. Diniz reforçou que, apesar do revés, a equipe teve um dos melhores desempenhos sob seu comando. “Se considerar a rivalidade, a Argentina em um momento de muita confiança, time campeão do mundo há menos de um ano, a gente com um time bastante mexido. Acho que se a gente considerar todas as variáveis. se não foi o melhor, foi um dos melhores jogos.”

O meio-campista Raphael Veiga também considerou injusto o revés sofrido para a Argentina. “Partindo do princípio de que futebol é resultado, e a gente não está conseguindo os resultados, a gente tem que entender que precisa melhorar algumas coisas”, afirmou.

Ele disse que aproveitar melhor as chances criadas é o principal ponto a ser aprimorado pela equipe. “Desde o primeiro jogo do Diniz, a gente vem numa crescente. Na minha opinião, hoje a Argentina não merecia a vitória por conta de tudo aquilo que a gente produziu. Eles não produziram tanto, foram efetivos. A gente precisa melhorar nisso para conseguir ganhar os jogos.”

Hora de trocar o técnico?

Os maus resultados aumentaram a insatisfação de cronistas esportivos e torcedores. Muita gente, inclusive, está clamando pela substituição de Fernando Diniz. Ao meu ver, isto não faz o menor sentido. As Eliminatórias da Copa do Mundo Conmebol 2026 somente serão retomadas em setembro de 2026. Deste modo, o Brasil vai passar quase um ano em sexto lugar – que seria a última vaga direta reservada às seleções classificadas para a Copa do Mundo 2026, que será disputada na América do Norte.

Apesar de ter sofrido sete gols em seis jogos, Diniz teve alguma falta de sorte, pois perdeu jogadores importantes como Neymar, Eder Militão e Casemiro (contundidos) e nestas duas últimas rodadas sofreu a baixas de Vinicius Jr. e Marquinhos. 

Além disto, quando a Seleção Brasileira chamou Fernando Diniz como técnico interino, a intenção era provocar uma reformulação no estilo de jogo da equipe. O ex-treinador Tite montou um time pragmático, que obtinha bons resultados, mas não encantava em suas apresentações. Como Diniz se caracterizou por ser um treinador inovador, a CBF fez o convite a ele para assumir a seleção enquanto Carlo Ancelloti não chega. Se é que vai chegar…

Entretanto, ele não teve (e nem terá) tempo para implantar sua filosofia de jogo, que produziu bons resultados no Fluminense. Não podemos nos esquecer que ele comandou o Tricolor carioca ao título de campeão da Copa Libertadores da América pela primeira vez em sua história. E isto ocorreu no início do mês de novembro.

Considerando a vinda de Ancelotti – algo que não está ainda confirmado -, Diniz comandará a equipe apenas em mais dois amistosos em março, contra a Espanha e Inglaterra, dois adversários indigestos. Por serem jogos programados para a Europa, não há como negar que as possibilidades de Diniz contabilizar mais duas derrotas ao seu currículo são bem prováveis. De qualquer forma, seria uma insensatez trocar um técnico apenas para dois jogos.

O preocupante é o momento em que Ancelloti pode assumir a Seleção Brasileira. Caso ele não renove com o Real Madrid e assine contrato com a CBF para comandar a única seleção pentacampeã mundial, seu primeiro trabalho será comandar a equipe às vésperas de disputar a Copa América, programada para os estádios americanos. O evento servirá como uma prévia da Copa do Mundo 2026.

Como cobrar de Ancelloti que a seleção apresente um futebol vistoso ou mesmo que obtenha resultados expressivos, se ele mal terá tempo de conhecer seus novos comandados. Aliás, outra questão que permanece como uma incógnita é onde o trinador italiano irá morar, caso assuma a Seleção Brasileira: continuará morando na Europa ou se mudará para o Rio de Janeiro?

Enfim, entre tantos questionamentos, podemos ter uma certeza: com um técnico definido, o Brasil conseguirá encontrar sua identidade. Hoje, parece uma equipe à deriva, com o emocional à flor da pele, como se viu na expulsão de Joelinton, um jogador experiente que atua no Newcastle da Inglaterra, que caiu na provocação do meia De Paul, empurrou o jogador argentino e recebeu o cartão vermelho injustamente, diminuindo, assim, a possibilidade de a Seleção Brasileira chegar pelo menos ao empate.

Cenas lamentáveis

Torcedores brasileiros e argentinos entram em choque no Maracanã e policiais agem com violência para conter os briguentos (Foto: Agência Brasil/EBC)
Torcedores brasileiros e argentinos entram em choque no Maracanã e policiais agem com violência para conter os briguentos (Foto: Agência Brasil/EBC)

Torcedores de Brasil e Argentina brigaram nas arquibancadas do Maracanã, minutos antes de a bola rolar para o clássico sul-americano. O conflito teve início durante a execução dos hinos nacionais no setor onde os fãs argentinos estavam concentrados, atrás de um dos gols do estádio. Não havia qualquer separação entre as duas torcidas.

Depois de um pequeno foco entre torcedores das duas seleções, houve muita briga entre policiais e argentinos. Assentos foram arrancados e arremessados nas arquibancadas. A polícia inicialmente demorou a agir, mas depois entrou com violência, sobretudo contra os torcedores argentinos.

Após alguns minutos, os jogadores em campo perceberam o problema. Os argentinos, que se preparavam para a foto oficial, saíram em disparada em direção às arquibancadas para tentar intervir na confusão, assim como Marquinhos, capitão da Seleção.

Para fugir da ação policial, os torcedores argentinos se movimentaram para o lado esquerdo e causaram pânico em outra parte da torcida brasileira, que inicialmente não estava envolvida no problema e ficoeu esmagada.

O pânico fez com que alguns torcedores brasileiros saltassem o muro e entrassem no campo. Às 21h37, os jogadores argentinos decidiram ir para o vestiário. Os atletas pediram 15 minutos para a situação se acalmar nas arquibancadas e voltaram ao campo exatamente às 21h52.

Durante a paralisação, o presidente da Associação de Futebol da Argentina, Chiqui Tapia, conversou com o árbitro chileno Piero Maza. No retorno ao gramado, Messi e De Paul discutiram com Rodrygo. O jogo começou às 21h57, com 27 minutos de atraso. Messi criticou a ação da polícia no episódio, e afirmou que havia muitos parentes de jogadores em meio à torcida argentina. 

No setor Sul, onde houve a confusão, havia muitas crianças, que se desesperaram, muitas delas chorando. Alguns torcedores deixaram o estádio imediatamente. Ao fim da confusão, oito pessoas foram presas, e duas precisaram de atendimento no posto médico do Maracanã.

Com a bola rolando, policiais fizeram uma barreira humana no setor Sul para separar as duas torcidas.

O comandante do Batalhão Especializado de Policiamento em Estádio, coronel Vagner Ferreira, culpou a organização da partida pela ausência de separação entre as torcidas. Ele acredita que a polícia agiu de forma correta. “A toda ação corresponde uma reação. Existe um histórico de torcidas que têm um enfrentamento maior com os órgãos de segurança. Inicialmente, se utilizou da verbalização. Posteriormente, a gente teve que utilizar o bastão. Não houve uso de material não letal, como balas de borracha. Não houve utilização de gás, a gente foi bem técnico”, disse o coronel ao sportv.

Alguns torcedores argentinos foram detidos e levados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim). Pelo menos sete deles fizeram um acordo com o Ministério Público chamado “transação penal”, em que pagam uma multa (neste caso, de R$ 200) para não serem denunciados.

Aqui está a classificação das Eliminatórias da Copa do Mundo Conmebol 2026:

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