Antonio Tozzi Esportes

Festa de campeão com político pode?

Com o título conquistado antecipadamente após a vitória sobre o Vasco da Gama, a partida final contra o já rebaixado Vitória no Allianz Parque tinha tudo para ser uma grande festa para a coletividade palmeirense. Porém, a presença de Jair Bolsonaro distribuindo medalhas aos campeões gerou bastante polêmica – com muita gente adorando, outros tanto condenando e alguns não dando muita importância ao fato.

Na condição de palmeirense militante, sinto-me em condições de avaliar o episódio. Para entender o processo, precisamos ir por partes.

• Jair Bolsonaro foi convidado de honra para assistir à partida na tribuna do Allianz Parque, o remodelado estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras, pelos dirigentes do clube e também pelos diretores da W Torre, construtora que reformou o antigo Parque Antarctica em troca do direito de explorar o local comercialmente por um período de 30 anos. Findo este período, dos quais já se transcorreu 5 anos, termina o regime de comodato e o Palmeiras fica integralmente com a Arena, construída nos moldes das modernas arenas multiusos vistas nos principais países do mundo. O presidente eleito aceitou o convite do clube, mas declinou do convite formulado pela construtora. Ponto para Bolsonaro. Afinal, um é o clube de seu coração (Bolsonaro, que nasceu na região de Campinas-SP, nunca escondeu sua predileção pelo Alviverde paulista – embora tenha sido fotografado usando camisas dos clubes cariocas, onde fez sua carreira política). Aceitar convite da W Torre poderia provocar constrangimento em caso de uma futura investigação de corrupção;

• O convite para descer da tribuna e ir ao gramado partiu dos dirigentes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), com Rogério Caboclo à frente. Caboclo já está designado como o próximo presidente da CBF, portanto, quer ficam em boas graças com o future mandatário da nação. A única diferença entre os dois parece ser clubística, porque Caboclo é declaradamente torcedor do São Paulo FC;

• Tite condenou a posição de Luiz Felipe Scolari e de alguns jogadores, mormente Felipe Melo, que bateram continência e saudaram o capitão reformado do Exército de maneira esfuziante. Para ele, misturar futebol com política é incompatível.

Com esses dados à disposição, chego à seguinte conclusão. Bolsonaro errou, sim, ao aceitar o convite de participar da festa de premiação e entrega da taça aos jogadores. Afinal, o capitão que todos queriam ver levantando a taça era Bruno Henrique e nunca o capitão reformado que precisa se preparar para atuar como campeão à frente do Brasil. Ele e seu time de  ministros têm muito a fazer, sobretudo agora que os números apontam o aumento de pobreza no país e  a crescente desigualdade social.

Atender ao convite para assistir à partida na tribuna de honra acho bastante pertinente, porém, misturar-se à festa foi totalmente inconveniente. Até porque na torcida palmeirense há muita gente que votou nele e vibrou com isto do mesmo modo que há muitos torcedores que não votaram nele e não apoiam seu discurso e seus métodos de fazer política. Tanto que surgiu até mesmo um abaixo-assinado com alguns palmeirenses ilustres criticando a postura de Bolsonaro. Portanto, poderia – e deveria – ter evitado este desgaste ao se manter equidistante da comemoração no gramado. Até porque ele ainda se convalesce do atentado sofrido durante a campanha eleitoral. Ora, se alegava não ter condições médicas para participar de um debate, muito menos teria para estar em um gramado com atletas, dirigentes e torcedores enlouquecidos com a conquista. Por fim, aceitou participar de uma festa com a CBF, entidade que não se notabiliza por sua retidão e honestidade. Ou seja, ficou ao lado de uma instituição que poderá ser punida por desmandos administrativos.

Por fim, o caso Tite. Admiro o trabalho do técnico Tite, um estudioso do futebol que sabe como conduzir uma equipe. Em 31 partidas sob seu comando, a Seleção Brasileira obteve 25 vitórias, teve 4 empates e sofreu apenas duas derrotas – uma em amistoso contra a Argentina e a outra contra a Bélgica, na fatídica eliminação da nossa seleção nas quartas de final da Copa da Rússia este ano. Ele foi infeliz ao meter o bedelho onde não era chamado. Criticou a postura de Felipão e do próprio presidente eleito e afirmou que não compactuaria com isto. Suas atitudes, porém, contradizem o discurso. Ele foi fotografado abraçado a Lula ao lado da taça de campeão mundial conquistada no Japão. Dissera antes que jamais aceitaria treinar a Seleção Brasileira enquanto os dirigentes corruptos estivessem à frente da entidade. Pois bem, não só aceitou o cargo, como também ficou cheio de afagos com Marco Antonio Del Nero, que não prima exatamente pela transparência em sua atividade pública. É a mais lídima tradução ditado: “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço!”

Justo campeão

Depois desse preâmbulo, vamos ao que interessa: futebol praticado nos campos de futebol. O Palmeiras foi o legítimo campeão brasileiro, com uma campanha impressionante. Acompanhe os números finais na tabela abaixo:

A tabela mostra que o título do Verdão é incontestável. Terminou o Campeonato Brasileiro de 2018 com 80 pontos – oito à frente do Flamengo, vice-campeão -, ataque mais poderoso, defesa menos vazada, melhor saldo de gols e maior índice de aproveitamento. Só não obteve a artilharia do certame, que ficou com Gabigol, autor de 18 gols vestindo a camisa do Santos FC. E ainda ostenta a marca de 23 jogos invictos no Brasileirão, obtida após a contratação de Felipão.

Nossos clubes na Libertadores e na Sul-Americana

Palmeiras, Flamengo, Internacional e Grêmio – os quatro melhores classificados do Brasileirão – confirmaram suas vagas na Fase de Grupos da Copa Libertadores da América, ao lado do Cruzeiro (8º colocado), campeão da Copa do Brasil. São Paulo e Atlético-MG, respectivamente 5º e 6º colocados, participarão da Pré-Libertadores e precisarão derrotar seus adversários para entrar na chave principal da competição. Por fim, Atlético-PR, 7º colocado, tem possibilidade de integrar este grupo seleto, caso consiga sagrar-se campeão da Copa Sul-Americana de Futebol. Se faturar o título, cujo jogo final será na Arena da Baixada, em Curitiba, no dia 12 de dezembro, abre vaga para a Chapecoense participar da competição internacional que venceu simbolicamente após o trágico acidente aéreo ocorrido há dois anos que vitimou a delegação da equipe catarinense. Esta é a única dúvida, pois os outros clubes brasileiros classificados para a Copa Sul-Americana são, pela ordem: Botafogo, Santos, Bahia, Fluminense e Corinthians.

Seleção do Brasileirão 2018

Marcelo Lomba; Mayke, Victor Cuesta, Geromel e Renê; Rodrigo Dourado, Bruno Henrique, Lucas Paquetá e De Arrascaeta; Dudu e Gabriel. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Essa é a seleção do Campeonato Brasileiro de 2018, segundo a votação de jornalistas e profissionais do futebol. O Verdão tem três jogadores e o técnico da equipe: o lateral-direito Mayke, o volante Bruno Henrique e o atacante Dudu, além de Felipão. O técnico, aliás, recebeu uma proposta para dirigir a seleção colombiana e disse que vai pensar. O Internacional, terceiro colocado na classificação final, emplacou três jogadores na seleção: o goleiro Marcelo Lomba, o zagueiro Victor Cuesta e o volante Rodrigo Dourado.  Logo abaixo ficou o vice-campeão Flamengo, com o lateral-esquerdo Renê e o meia-atacante Lucas Paquetá. O Rubro-Negro ainda teve o gol mais bonito do torneio, com Éverton Ribeiro, diante do Cruzeiro, no Mineirão. Grêmio (o zagueiro Geromel), Cruzeiro (o meia De Arrascaeta) e o Santos (o atacante Dudu) tiveram um jogador cada na seleção. Gabigol também foi o artilheiro do Brasileirão, com 18 gols.

Dudu foi eleito o craque do campeonato, segundo os especialistas, enquanto Cuéllar, meia do Flamengo, foi votado o craque da galera, em votação feita pelos torcedores.

Copa Libertadores da América tem final na Europa!

Começamos a coluna falando sobre uma polêmica e aqui está outra. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) sonhava com a “final dos sonhos” na Copa Libertadores da América, que seria a decisão entre os dois clubes mais populares da Argentina: Boca Juniors e River Plate. Seria a primeira final da competição reunindo dois times de uma mesma cidade, Buenos Aires. Depois de terem eliminado dois brasileiros (Palmeiras e Grêmio, atual campeão), o duelo entre Xeneizes e Millonarios se transformou em um espetáculo deprimente. No primeiro jogo disputado em La Bombonera, houve empate em 2 a 2, deixando a decisão final para o Momnumental de Nuñez, campo do River Plate. No entanto, pouco antes de chegar ao estádio, o ônibus com a delegação do Boca Juniors foi atacado e alguns jogadores ficaram feridos. Não havia, portanto, clima para uma disputa esportiva, apesar da pressão exercida por Gianni Infantino, presidente da Fifa, convidado especial da Conmebol. Depois de muita discussões e desentendimentos, ficou acertada que a partida final será disputada neste domingo no Estádio Santiago Bernabeu, campo do Real Madrid, que, por sinal, estará presente ao Mundial Interclubes programado para os Emirados Árabes Unidos. O irônico é que a falta de respeito da torcida organizada do River Plate acabou levando a decisão da Libertadores para um palco mais iluminado, porque todos acompanharão a final com os dois clubes mais populares da Argentina. O perdedor voltará para Buenos Aires, enquanto o vencedor viajará direto para o Oriente Médio. Apenas um detalhe: neste ano, a Copa Libertadores da América – que ganhou este nome em homenagem aos heróis Jose de San Martin, Bernardo O‘Higgins e Simon Bolivar que livraram a América Latina do jugo espanhol – se transformou em Copa Colonizadores da América!

Furacão arranca bom empate na Colômbia

Em um jogo com o primeiro tempo tranquilo e o segundo cheio de emoção, Junior Barranquilla e Atlético-PR ficaram no 1 a 1, na noite de quarta-feira (5), no primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana. A partida teve um início forte do time de casa, mas que não resultava em chutes a gol, enquanto o Atlético-PR só conseguia se defender. O vestiário mudou tudo e, no segundo tempo, Pablo fez aos cinco minutos para calar o Metropolitano, que entrou em combustão um minuto depois, quando Yony González empatou. O pênalti perdido pelo zagueiro Rafael Pérez, que mandou no travessão e as duas defesas de Santos nos últimos minutos, garantiram o empate e a decisão na Arena da Baixada. Outro empate no jogo marcado para o dia 12 de dezembro, e o jogo vai para a prorrogação e, se persistir, a decisão do título vai para os pênaltis. O técnico Tiago Nunes ficou satisfeito com a atuação do Atlético-PR contra o Junior Barranquilla. Na opinião do comandante, o Atlético-PR fez um bom resultado na Colômbia, mas terá que se impor no jogo da volta, na Arena da Baixada, para ficar com o título: “O resultado foi importante, mas não quer dizer que nos qualifica efetivamente a vencer em casa. Vamos ter que jogar e merecer. O Junior tem jogadores de velocidade e terá retorno de atletas. É ter tranquilidade para saber que teremos o apoio do torcedor, somos fortes em casa. É avaliar esse resultado pelo lado positivo, corrigir a situações e focar no jogo da volta”.

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