Antonio Tozzi Esportes

Flamengo tem ano de ouro; Cruzeiro tem ano de lata

Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, recebe o troféu de campeão nacional na festa da CBF (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, recebe o troféu de campeão nacional na festa da CBF (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

O ano de 2019 vai ficar para sempre na memória dos flamenguistas. Nem o mais fanático torcedor do Mais Querido poderia imaginar um ano tão festejado.

Após ter conquistado a Florida Cup e o Campeonato Carioca – torneios que não chegaram a entusiasmar tanto sua torcida -, o Flamengo teve um segundo semestre incrível que resultou nos títulos da Copa Libertadores da América, ao derrotar o River Plate na final da competição, e do Brasileirão – este veio acompanhado de uma série de quebra de recordes.

O time comandado pelo português Jorge Jesus obteve 90 pontos – a maior quantidade obtida na época de pontos corridos com 20 equipes. O Cruzeiro em 2003 somou 100 pontos, mas naquela ocasião o Brasileirão tinha 24 equipes.

O Rubro-negro carioca conquistou a maior diferença sobre os vice-líderes – Santos e Palmeiras -, com 16 pontos de vantagem. Nem mesmo a goleada de 4 a 0 sofrida em Santos para o Peixe foi capaz de deslustrar sua campanha fantástica. Afinal, a equipe anotou 86 gols e sofreu 37, finalizando com saldo de 49 gols a favor. Deste modo, obteve 28 vitórias, com 6 empates e 4 derrotas.

Três artilheiros se destacaram: Arrascaeta, com 13 gols, e sobretudo Gabigol e Bruno Henrique, com 25 e 21 gols respectivamente. Para se ter uma ideia, apenas a dupla Gabigol e Bruno Henrique assinalou 46 gols – mais do que 14 equipes que disputaram o Brasileirão. Do São Paulo, 6º colocado, até o lanterna Avaí todos fizeram menos gols do que a dupla dinâmica. A exceção ficou por conta do Goiás, 10º colocado, que marcou o mesmo número de tentos.

O sucesso, porém, pode ainda não estar completo. Por ter vencido a Copa Libertadores da América, o Flamengo luta pelo bicampeonato mundial, 38 anos após ter batido o Liverpool da Inglaterra por 3 a 0 no Japão. Agora, o clube de maior torcida do Brasil vai disputar a Copa Mundial Interclubes e, conforme as previsões, deve novamente fazer a final com o Liverpool, atual campeão da Champions League. Antes, porém, o Flamengo deve derrotar o vencedor do confronto entre Al Hilal, dos Emirados Árabes Unidos, e Espérance, campeão africano. O primeiro jogo do Flamengo está marcado para 14 de dezembro. Caso vá à final, jogará no dia 21 de dezembro.

Se voltar de Abu Dhabi com a taça, com certeza, o Carnaval carioca começará antes do Natal no Rio de Janeiro!

Cruzeiro, a grande decepção

O Cruzeiro começou o Brasileirão como um dos grandes favoritos à conquista do campeonato, juntamente com o campeão Flamengo, Palmeiras e Grêmio. E iniciou o ano com tudo, ao vencer o Campeonato Mineiro e mirou seu foco nas competições mata-mata, sobretudo na Copa Libertadores da América. 

O sonho durou pouco. Dono da segunda mulher campanha de Fase de Grupos, com 15 pontos, atrás do Palmeiras, time com melhor campanha, que também obteve os mesmos 15 pontos, mas com um gol a mais de saldo. Porém, foi eliminado logo nas oitavas de final pelo finalista River Plate, após dois empates em 0 a 0, em Buenos Aires e Belo Horizonte, e derrota por 4 a 2 na série de penalidades máximas.

Na Copa do Brasil, o Cruzeiro foi melhor. Chegou à semifinal da competição, onde foi eliminado pelo Internacional, depois de duas derrotas – 0 a 1 em Belo Horizonte e 3 a 0 em Porto Alegre. 

Paralelamente a esses torneios, o Cruzeiro ia fazendo uma campanha pífia no Campeonato Brasileiro. Após as quatro primeiras rodadas, até não foi mal, com duas derrotas para Flamengo e Internacional nas casas dos adversários e duas vitórias sobre Ceará em casa e Goiás fora. Da 5ª à 14ª rodada, Cruzeiro colecionou uma série de maus resultados com derrotas e empates até a vitória sobre o Santos (vice-campeão) por 2 a 0 no Mineirão, na 15ª rodada. Fechou o turno com apenas mais uma vitória, sobre o Vasco da Gama na 17ª rodada.

O segundo turno começou pior, com derrotas e empates – aliás, o Cruzeiro foi a equipe que mais empatou no certame, 15 vezes -, e apenas nas 26ª, 27ª e 29ª rodadas a torcida cruzeirense pôde sorrir com as vitórias de 1 a 0 sobre o São Paulo em Belo Horizonte, sobre o Corinthians em São Paulo, e sobre o Botafogo no Rio de Janeiro. Da 30ª à 33ª rodada, quatro empates: Bahia, Athletico, Atlético-MG e Avaí.  Da 34ª à 38ª rodada, a derrocada final, com derrotas para Santos, CSA, Vasco da Gama, Grêmio e Palmeiras – que carimbou a ida da Raposa para a Série B. Neste período, o Cruzeiro sofreu 10 gols e marcou apenas um.

Os motivos que levaram o gigante de Minas Gerais para a Divisão de Acesso são vários e se espalham por muitos responsáveis. Desde as más administrações ao empreguismo desenfreado e à irresponsabilidade financeira até a rotatividade dos técnicos – em 2019, foram quatro: Mano Menezes, Rogério Ceni, Abel Braga e Adilson Batista – e o péssimo desempenho dos jogadores, vários deles experientes e com altos salários para os padrões do futebol brasileiro.

Santos, a boa surpresa

Se o Flamengo reinou soberano após a chegada de Jorge Jesus, um homônimo dele também se destacou. O argentino Jorge Sampaoli levou o Santos ao vice-campeonato e fechou o Brasileirão com chave de ouro ao aplicar uma sonora goleada de 4 a 0 sobre o campeão na Vila Belmiro. Além de carimbar a faixa do clube carioca, ainda quebrou a invencibilidade de 29 jogos do adversário.

Sampaoli, ex-técnico da seleção chilena – onde venceu duas Copas América -, estava em baixa após um trabalho de pouco brilho à frente da seleção de seu país. José Carlos Peres, presidente santista, teve a boa ideia de resgatá-lo da obscuridade e ele fez o Santos brilhar intensamente no Campeonato Brasileiro. Tanto que chegou ao vice-campeonato com 74 pontos – mesmo número de pontos obtidos pelo Palmeiras, mas, com uma vitória a mais do que o rival paulista.

A boa campanha no Campeonato Brasileiro contrastou com eliminações precoces em torneios mata-mata. Na Copa Sul-Americana, o Santos foi eliminado logo na primeira fase após dois empates: 0 a 0 no Uruguai e 1 a 1 em São Paulo com o River Plate do Uruguai – uma equipe sem a menor tradição no cenário futebolístico sul-americano. Na Copa do Brasil, o Alvinegro praiano foi eliminado pelo Atlético Mineiro ao ser derrotado no Pacaembu por 2 a 1, após ter empatado em Belo Horizonte em 0 a 0.

Os demais clubes

Falar sobre todos os clubes seria impossível em espaço tão curto. Mas, publicamos aqui como terminaram os 20 clubes da Série A. Confira na tabela abaixo:

Classificados para a Copa Libertadores da América

• Flamengo (entra como campeão da Libertadores da América)

• Santos

• Palmeiras

• Grêmio

• Athletico-PR (entra como campeão da Copa do Brasil)

• São Paulo

• Internacional (classificado para a Pré-Libertadores)

• Corinthians (classificado para a Pré-Libertadores)

Classificados para a Copa Sul-Americana

• Fortaleza

• Goiás

• Bahia

• Vasco da Gama

• Atlético-MG

• Fluminense

Rebaixados para a Série B

• Cruzeiro

• CSA

• Chapecoense

• Avaí

Apenas Botafogo e Ceará, respectivamente 15º e 16º colocados, não participarão de nenhuma competição internacional em 2020, porém, conseguiram se manter na Série A. Juntam-se às 16 equipes da Série A, os quatro primeiros classificados da Série B: Red Bull Bragantino, Sport Club do Recife, Coritiba e Atlético-GO.

Os melhores do futebol em 2019

Na segunda-feira (9), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) realizou a festa de premiação dos melhores do futebol brasileiro.

Seleção do Campeonato Brasileiro Masculino

  • Goleiro: Santos (Athletico-PR)
  • Lateral direito: Rafinha (Flamengo)
  • Zagueiros: Rodrigo Caio e Pablo Marí (Flamengo)
  • Lateral esquerdo: Filipe Luís (Flamengo)
  • Volante: Bruno Guimarães (Athletico-PR)
  • Meias: Gerson, Everton Ribeiro e Arrascaeta (Flamengo)
  • Atacantes: Bruno Henrique e Gabigol (Flamengo)
  • Seleção do Campeonato Brasileiro Feminino
  • Goleira: Luciana (Ferroviária-SP)
  • Lateral direito: Fabiana (Internacional)
  • Zagueiras: Érika e Pardal (Corinthians)
  • Lateral esquerdo: Tamires (Corinthians)
  • Volante: Aline Milene (Ferroviária-SP)
  • Meias: Maglia (Ferroviária-SP), Gabi Zanotti e Victoria (Corinthians)
  • Atacantes: Milene (Corinthians) e Gláucia (Santos)

Prêmios individuais

Craques do Campeonato: Masculino – Bruno Henrique (Flamengo) e Feminino – Milene (Corinthians)

Revelação do Campeonato:

Masculino – Michael (Goiás) e Feminino – Victoria (Corinthians)

Melhor técnico:

Masculino – Jorge Jesus (Flamengo) e Feminino – Tatiele Silveira (Ferroviária-SP)

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