Estados Unidos

Governo dos EUA quer mudar a forma como categoriza pessoas por raça e etnia

O texto da Casa Branca não esclarece como fica a situação do Brasil nos novos formulários federais

Governo federal aumenta opções de raça e etnia em formulários. Foto: Flickr

Pela primeira vez em 27 anos, o governo dos EUA anunciou que vai mudar a forma como categoriza as pessoas por raça e etnia, um esforço que as autoridades federais acreditam que contará com mais precisão seus residentes. A administração Biden aprovou propostas para uma nova opção de resposta para “Oriente Médio ou Norte da África” e uma caixa “Hispânico ou Latino”. Daqui para frente, os participantes de pesquisas federais serão apresentados a pelo menos sete categorias de “raça e/ou etnia”, juntamente com instruções que dizem: “Selecione todas as que se aplicam”.

Os defensores da medida dizem que a mudança pode ajudar a redesenhar mapas raciais e étnicos dos distritos eleitorais, reforçando a protecção dos direitos civis e orientando a elaboração de políticas que reflitam melhor as identidades dos residentes.

“Não se pode subestimar o impacto emocional que isto tem nas pessoas”, disse Meeta Anand, diretora sênior de Censo e Equidade de Dados na Conferência de Liderança sobre Direitos Civis e Humanos. “É como nos concebemos como sociedade. Você está vendo um desejo nas pessoas de se identificarem e serem refletidas nos dados para que possam contar suas próprias histórias.”

Nas revisões, as perguntas sobre raça e etnia que anteriormente eram feitas separadamente nos formulários serão combinadas em uma única pergunta. Isso dará aos entrevistados a opção de escolher várias categorias ao mesmo tempo, como “Negro” e “Latino”. A investigação demonstrou que um grande número de pessoas hispânicas não tem a certeza de como responder à questão racial quando esta é colocada separadamente porque entendem que raça e etnia são semelhantes e muitas vezes escolhem “Outra Raça” ou não respondem à pergunta.

Pessoas descendentes de lugares como Líbano, Irã, Egito e Síria eram anteriormente encorajadas a identificar-se como brancas, mas agora terão a opção de se identificarem no novo grupo. O texto da Casa Branca não esclarece a situação do Brasil nos novos formulários.

Segundo a Pew Reserach Center, em 2020, pelo menos 416 mil brasileiros se descreveram como “Hispânicos ou Latinos” na pesquisa anual da comunidade americana (ACS) do Census Bureau e foram contados dessa forma, resultando em mais de dois terços dos brasileiros nos EUA contados como “Hispânicos” e 16 mil em 2021. O grande número contado como “Hispânicos” em 2020 deveu-se a um erro no processamento dos dados ACS pela agência.

Oficialmente, os brasileiros não são considerados hispânicos ou latinos porque a definição do termo do governo federal – revisada pela última vez em 1997 – aplica-se apenas àqueles de “cultura ou origem espanhola”, como mexicanos, porto-riquenhos, cubanos, sul ou centro-americanos ou outras origens, independentemente da raça. Na prática, isto significa que, na maioria dos casos, as pessoas que declaram a sua etnia hispânica ou latina como brasileira nos inquéritos do Census Bureau são posteriormente recategorizadas como não “Hispânicas”. O mesmo se aplica a pessoas de outros grupos, como as originárias de Belize, das Filipinas e de Portugal.

*com informações da AP e NBC News

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