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‘Hospitais da Flórida estão cheios de pessoas que não se vacinaram’, afirma enfermeira brasileira

Famílias da comunidade estão chorando a morte de entes queridos que se recusaram a vacinar. “Faz um mês que estamos vivendo este caos e eu, como enfermeira de UTI, até hoje não atendi um paciente que estivesse vacinado”, afirma Natasha

Natasha Florencio é enfermeira na Flórida (Foto: Arquivo pessoal)
Natasha Florencio é enfermeira na Flórida (Foto: Arquivo pessoal)

A Flórida lidera a nação no número de pacientes internados com covid-19. Dados divulgados esta semana pelo Departamento de Saúde do Estado, 17 mil pessoas estão em hospitais americanos com a doença. Em todo o País, são mais de 100 mil pacientes internados com covid. A grande maioria dos internados, de acordo com números do Centers for Disease and Prevention (CDC), é de pessoas não vacinadas.

Nos Estados Unidos, 172 milhões estão completamente vacinadas, o que representa 52.3% da população total.

Segundo o CDC, 3.2% das pessoas totalmente vacinadas que pegaram covid tiveram que ir para o hospital. Dessas, apenas 0.5% foram para as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 0.2% foram intubadas.

A enfermeira brasileira Natasha Florencio, que hoje atua em UTIs de diversos hospitais do Sul da Flórida, confirma em sua dura rotina diária a realidade mostrada por esses números. Natasha trabalha para uma agência e tem atuado nos hospitais West Boca Medical Center, Florida Medical Center (FMC) e Delray Medical Center. “Eu tenho feito muitos plantões e posso afirmar que não tive um paciente sequer na UTI que tenha sido vacinado. Todos os pacientes intubados não tomaram a vacina”, afirma Natasha. “Muitos, ao perceberem que estão em estado grave, mal conseguindo respirar, perguntam se dá tempo de tomar a vacina, e já é tarde demais. Eu vejo muitas pessoas não vacinadas arrependidas”.

Natasha afirma que a situação dos hospitais é caótica. “Estamos vivendo agora o que vivemos no auge da pandemia em junho e julho do ano passado. A grande diferença é que, agora, essa realidade poderia ser completamente diferente se as pessoas tivessem se vacinado”.

Em entrevista ao AcheiUSA, a enfermeira – que tomou as duas doses da vacina em dezembro – disse que se pergunta todos os dias porque as pessoas se recusam a vacinar. “O que é pior, você não tomar uma vacina por medo dos efeitos colaterais ou você ficar vulnerável e ser exposto a essa doença que está matando sem parar, diariamente, no mundo inteiro. O que é pior?”, questiona.

Natasha diz esperar que as pessoas se conscientizem e que vão tomar a vacina, que está disponível a cada esquina. “Vamos nos proteger e proteger àqueles que amamos. A situação é muito séria, é caótica”.

Brasileira morre de covid em Pompano Beach

A brasileira Teresa Gouveia, de 74 anos, moradora de Pompano Beach, perdeu a luta contra a covid-19 no último dia 12 de agosto. Segundo a amiga de Teresa, Márcia Gannon, a amiga e roommate não quis se vacinar e acabou se contaminando com o vírus.

“Na época que as vacinas ficaram disponíveis, eu insisti muito com ela, mas ela não quis se vacinar, dizia que ‘não iria injetar algo desconhecido em seu corpo’. Eu perdi minha melhor amiga, que me ajudou a olhar minha mãe já falecida. Passamos tantos momentos felizes juntas e hoje choramos a sua morte”, diz Marcia.

Ela afirma que o filho de Teresa morava em Orlando e ela ia visitá-lo com frequência. “Em uma dessas idas, ela se sentiu mal, voltou, foi ao médico e já foi internada. Eu fico achando que ir para o hospital é pior, que talvez se ela tivesse ficado em casa seria melhor para ela. É uma situação triste, nem pudemos visitar”.

Márcia afirma que a amiga era uma alegre, cheia de vida e uma pessoa muito saudável, que nunca a viu pegar um resfriado sequer. “Eu faço um apelo para as pessoas se vacinarem, eu tomei a vacina e, assim que puder tomar a terceira dose eu vou tomar”, disse. 

Teresa Gouveia, de 74 anos, morreu vítima de covid em Pompano Beach (Foto: Arquivo Pessoal)
Teresa Gouveia, de 74 anos, morreu vítima de covid em Pompano Beach (Foto: Arquivo Pessoal)
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