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Indocumentados estão entre os sobreviventes do massacre de Orlando

Dois imigrantes indocumentados permanecem internados no hospital e um terceiro não resistiu aos ferimentos; despesas com hospital preocupam

Javier Nava está se recuperando no hospital
Javier Nava está se recuperando no hospital

DA REDAÇÃO (com Agências) – Entre os sobreviventes do massacre da boate Pulse há alguns que têm um drama a mais em suas vidas. São imigrantes indocumentados, vivendo longe de suas famílias, preocupados com sua situação no país e com a conta do hospital.

É o caso, por exemplo, de Alberto (os nomes aqui são diferentes, para preservar a identidade dos personagens), um salvadorenho de 24 anos sem parentes próximos nos EUA e sem saber se vai ficar bom dos ferimentos logo para voltar a trabalhar. Alberto tem medo de não conseguir pagar a conta do hospital, e do que pode acontecer com ele caso não consiga.

Alberto é um dos dois imigrantes indocumentados feridos no ataque. O outro, um mexicano de 33 anos, que chamaremos de Carlos, está se recuperando no hospital, em estado estável apesar de ter levado uma bala no abdômen.

Um terceiro indocumentado, de 31 anos, também mexicano, não resitiu e morreu em decorrência dos ferimentos sofridos.

Não se sabe se havia mais imigrantes na mesma situação entre os mais de 100 mortos ou feridos assassinados pelo autor do massacre, Omar Mateen.

Por que é importante a situação imigratória das vítimas no atentado? Porque sem uma situação legal nos Estados Unidos esses indivíduos vão ter de enfrentar novos desafios na sequência do atentado.

Além da incerteza com relação ao recebimento de possíveis benefícios estaduais e federais através de programas assistenciais, os imigrantes indocumentados devem preocupar-se com a possibilidade da sua condição irregular trazer-lhes problemas adicionais, além do trauma passado ao sofrer com a violência da tragédia.

Porque para muitos indocumentados o custo das despesas médicas pode ser devastador.

Para os parentes do mexicano que morreu no atentado, por exemplo, o custo de traslado do corpo para o México pode chegar a 6 mil dólares.

Os ativistas pela causa imigrante dizem que as famílias das vítimas indocumentadas encaram repentinamente despesas com as quais não contavam e que não têm condições de honrar.

“Fica muito caro mandar os corpos para casa, as pessoas não estão preparadas para isso,” diz Yesica Ramirez, do Farmworker Association of Florida.

O traslado do corpo às vezes é a única maneira pela qual os parente podem rever o ente querido. Viajar para os Estados Unidos é simplesmente fora de questão.

“Para muitas famílias, não importa quanto dinheiro possam levantar para a viagem, será muito difícil conseguir permissão para entrar nos EUA,” diz Ramirez. “É muito duro para as famílias assistir a tudo isso de longe sem poder ajudar os parentes.”

Muitas vítimas na Pulse eram portorriquenhas, mas mesmo com o benefício da cidadania americana alguns indivíduos enfrentam a barreira da língua. Para ajudar na comunicação, os ativistas lançaram o website somosorlando.info, onde os imigrantes podem encontrar recursos em espanhol. A Hispanic Federation colocou vários voluntários fluentes em espanhol, entre advogados e médicos, para oferecerem seus serviços às vítimas.

Os voluntários vão integrar a equipe que vai ajudar na recuperação dos imigrantes indocumentados feridos em Orlando, porque eles não poderão usufruir dos programas de saúde estatais além do atendimento de emergência.

Outras iniciativas nesse sentido são o esforço da Equality Florida, organização de apoio LGBT, que já levantou quase $3 milhões do objetivo de arrecadar $5 milhões para ajudar a todas as vítimas, independente da sua situação legal no país.

“O sofrimento é incondicional,” diz Jeff Dion, vice secretário executivo do National Center for Victims of Crime. A organização visa “assegurar que cada centavo será corretamente alocado para ajudar às vítimas e suas famílias.”

“Todos [as vítimas] e suas famílias serão tratadas iguais,” disse Dion ao website Fusion. “Toda situação é diferente e se precisarmos fazer ajustes para casos específicos nós os faremos”.

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