A perda do Campeonato Brasileiro de 2005 sempre foi uma pedra no sapato de todo o torcedor do Internacional de Porto Alegre. Só que as recentes revelações sobre a Máfia do Apito, quase 20 anos depois, acabaram turbinando um movimento nas redes sociais no sentido de reivindicar um título que foi supostamente perdido por manipulação de resultados. A busca pelo reconhecimento da conquista já chegou ao clube gaúcho e os conselheiros colorados estudam uma forma de reverter o cenário que consagrou o Corinthians como o vencedor da competição.
“Todos os envolvidos naquela celeuma concordam que o legítimo campeão é o Inter. Queremos que a diretoria tome uma iniciativa”, afirmou o conselheiro Leonardo Aquino, com base no artigo 2 do Estatuto da Fifa. Recentemente, o ex-juiz de futebol Edílson Pereira de Carvalho, apontado como o pivô do esquema de manipulação de resultados naquele ano, admitiu que o Colorado foi prejudicado: “Eu mudei o campeão brasileiro de 2005. Se não fosse a Máfia do Apito, o Inter conquistaria este título”, disse o ex-árbitro.
Para quem acha que o desejo dos torcedores e conselheiros do Internacional é algo impossível, vale lembrar que na França e na Itália houve casos semelhantes e títulos foram cassados exatamente por manipulação de resultados. Os episódios mais famosos aconteceram com o Olympique de Marseille (em 1993) e com a Juventus (2006), que acabaram sofrendo punições severas. A diretoria do clube gaúcho já avalia a questão internamente.
Em 2005, depois de uma matéria publicada pela revista Veja, o escândalo conhecido como Máfia do Apito veio à tona, confirmando que árbitros estavam manipulando resultados das partidas a serviço de quadrilhas de apostadores – Edílson Pereira de Carvalho foi preso ao confessar que recebia dinheiro para favorecer algumas equipes. A decisão da Justiça Desportiva de anular 11 jogos apitados pelo juiz culminou com o título do Corinthians. Segundo pessoas ligas ao Internacional, o então presidente, Fernando Carvalho, precisou assinar um documento reconhecendo a conquista do clube paulista para evitar punições por parte da CBF.
Um dos lances mais marcantes daquela temporada, justamente num jogo entre Corinthians e Internacional, foi a expulsão do volante colorado Tinga, na opinião do juiz Márcio Rezende de Freitas, por simulação – ele não fazia parte da Máfia do Apito, mas admitiu seu erro. Na verdade, o caso era para expulsão do goleiro corinthiano e pênalti marcado para a equipe gaúcha. No final, a vitória do Corinthians consolidou a diferença de três pontos na tabela, que acabou sendo determinante para que o título ficasse em São Paulo.