Na segunda-feira (1º), feriado do Dia do Trabalho, entre 5 mil e 10 mil pessoas lotaram as ruas do centro de Chicago em protesto contra a possibilidade de a cidade receber tropas da Guarda Nacional e agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE), anunciada pela Casa Branca como parte de uma ofensiva nacional.
O ato integrou a mobilização “Trabalhadores contra Bilionários”, realizada em mil cidades dos Estados Unidos. Mais do que denunciar desigualdades trabalhistas, em Chicago a manifestação foi uma reação direta dos moradores à promessa de Trump de tornar a cidade o próximo alvo de uma operação semelhante às que já estão em andamento em Los Angeles e Washington D.C., outras cidades administradas por democratas.
Em seus discursos, o presidente tem usado Chicago como exemplo de “cidade falida”, chamando-a de “bagunça” e “inferno”, numa tentativa de reforçar a imagem de desordem urbana e justificar a necessidade de intervenção federal. O contraste entre a retórica presidencial e a realidade estatística expõe o uso político da insegurança pública.
Líderes municipais e estaduais já preparam medidas para proteger Chicago contra tropas federais. No sábado (30), o prefeito Brandon Johnson assinou uma ordem executiva determinando que a polícia local não colaborará com agentes federais ou com a Guarda Nacional. O decreto também instrui que todos os policiais usem uniformes oficiais e não cubram o rosto. O governador de Illinois, JB Pritzker, reforçou as críticas e prometeu judicializar qualquer tentativa de intervenção. Especialistas em direito constitucional lembram que a medida violaria tanto a Constituição quanto o Posse Comitatus Act, lei do século XIX que restringe o uso do Exército em funções policiais