Estados Unidos

Mesmo pagando até 80,000 dólares por ano faltam caminhoneiros nos EUA

Há pelo menos 51,000 vagas disponíveis, com salários em crescimento e benefícios para torná-los mais atrativos, mas cada vez menos trabalhadores nos EUA querem entrar nesta área

Falta de caminhoneiros provoca atrasos nas entregas e alta nos custos dos produtos
Falta de caminhoneiros provoca atrasos nas entregas e alta nos custos dos produtos

Não importa que estejam aumentando o pagamento, e não importa que no setor haja milhares de vagas imediatamente disponíveis, nos Estados Unidos há um cargo para o qual não se conseguem pessoas suficientes que queiram exercê-lo: faltam caminhoneiros.

No país há uma grande escassez de motoristas, conforme indicam as estatísticas da American Trucking Associations (ATA, na sigla em inglês). Uma crise que está causando uma alta nos preços de quase tudo o que se consome no país.

ATA, definida como a maior associação de comércio nacional para o setor de transporte por rodovias, indica que estão precisando de 51,000 motoristas.

Joyce Brenny, diretora de uma empresa de transportes de Minnesota, disse ao The Washington Post ter aumentado em 15% os salários para tornar mais atrativa a oferta de emprego para os motoristas e afirmou que muitos deles ganham até 80,000 dólares anuais, mas mesmo assim não consegue funcionários.

Por que ninguém quer este emprego?

A pergunta é “por que ninguém quer fazer este trabalho?”. Nas entrevistas feita pelo jornal surge um ponto em comum: o estilo de vida dirigindo caminhões é duro.

Testemunhos de pessoas que há décadas trabalham com isto indicam que a atividade é ingrata porque se passa muito tempo separado da família. Há motoristas que dizem terem se divorciado por causa disto. Também “passam muito tempo sós”, confirmam os depoimentos. E a atividade tampouco goza de muito prestígio atualmente, algo que a torna menos tentadora.

Outro fator negativo é o fato de ser uma atividade na qual a propensão à obesidade é maior do que em outras porque a comida saudável não está tão disponível quando passam dias e dias nas estradas. A isso se soma o sedentarismo por estar durante tantas horas sentado frente ao volante.

Há aqueles que destacam haver também uma mudança de geração na atividade e os ‘herdeiros’, majoritariamente millenials, não se mostram entusiasmados a realizar este tipo de trabalho.

O pagamento é bastante desigual, segundo alguns motoristas: muitos trabalhadores disseram que seus salários eram de 100,000 dólares ao ano, enquanto outros afirmaram que ganham a metade deste valor.

As empresas de caminhões em geral estão tratando de tentar com melhores salários, benefícios e bônus os motoristas para suprir esta falta de trabalhadores em uma atividade que não requer diploma universitário.

Preços mais caros para todos

A carência de motoristas traz outros problemas que vão desde entregas atrasadas até uma alta nos preços dos envios para as compras feitas nas lojas online. Os prognósticos da ATA não são bons, e preveem que isto deve piorar nos próximos anos.

Os custos de envio dispararam este ano e empresas de venda online como Amazon já aumentaram o valor dos associados para entregas rápidas de produtos.

Outras empresas do ramo alimentício que produzem desde carnes até cereais estão elevando o preço de seus produtos por causa da alta nos custos de logística.

A falta de trabalhadores vem de anos, porém agora está em um momento crítico, destacam.

A indústria do transporte indica que vários fatores contribuem para essa ‘crise’ que está vivendo o setor: a economia americana está em crescimento há anos e o desemprego continua baixando, algo que torna mais difícil encontrar trabalhadores.

A alta demanda de companhias de comércio como Amazon e Walmart, indica a reportagem, potencializa ainda mais a crise.

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