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Migrantes enviam US$ 240 bilhões para casa anualmente

Resolver a questão migratória é um dos principais desafios do século 21

Migrantes internacionais enviam cerca de US$ 240 bilhões a seus países anualmente, um significativo motor da economia mundial, segundo a Comissão Global de Migração Internacional. Mas os 19 membros do painel independente disseram num relatório que os governos do mundo falham por não saber aproveitar as enormes oportunidades resultantes deste tipo de migração ou em administrar os desafios surgidos com a chegada de estrangeiros.

A principal descoberta do estudo de quase dois anos da comissão “é a grande importância em termos de crescimento econômico e de desenvolvimento gerada pela migração”, disse Jan Karlsson, ex-ministro de Migração e Desenvolvimento da Suécia, que co-presidiu o painel. Ele exaltou os países a usar conhecimentos fatuais sobre “o positivo impacto que tem a imigração” para combater a xenofobia contra os imigrantes.

A comissão foi criada em resposta ao chamado de Kofi Annan, secretário geral da Organização das Nações Unidas, em 2002 para uma revisão internacional de assuntos migratórios. Annan, que recebeu o relatório ontem (05/10), disse que os 191 estados-membros da ONU devem considerar o relatório no encontro sobre migração e desenvolvimento na Assembléia Geral agendada para o próximo ano. “No século 21, um dos nossos mais importantes desafios é descobrir maneiras para administrar a migração para o benefício de todos – dos países que enviam, dos países receptores, dos países em trânsito e dos próprios migrantes. Concordo com a comissão de que ainda não enfrentamos este desafio, mas estou convencido de que devemos fazê-lo”, comentou Annan.

De acordo com a Divisão de População da ONU, há atualmente quase 200 milhões de migrantes internacionais em todas as partes do planeta, contando apenas aqueles que vivem fora de seus países há mais de um ano e incluindo os 9,2 milhões de refugiados. A co-presidente da comissão, Mamphela Ramphele, disse que estes migrantes contribuem com mais de US$ 2 trilhões para os os países onde trabalham. Nos últimos 35 anos, o número de migrantes cresceu de 82 milhões em 1970 para 175 milhões em 2000 e quase 200 milhões hoje, confirma o relatório.

Os Estados Unidos possuem cerca de 35 milhões de migrantes, conforme estatísticas mais recentes disponíveis da ONU, do Banco Mundial e da Organização Internacional para Migração.

Ramphele, ex-diretora gerente do Banco Mundial, afirmou que os 200 milhões de migrantes estão gerando enormes receitas para seus países de origem ao enviar remessas para suas famílias. “Os últimos números do Banco Mundial mostram dados ainda superiores aos US$ 150 milhões contidos no relatório – cerca de US$ 240 bilhões”, ela disse em entrevista à imprensa. “Se considerarmos que os migrantes estão enviando para casa em torno de 10% de suas rendas, estamos falando sobre gerar pelo menos US$ 2 trilhões a ser acrescentados ao valor do PIB dos países onde estão e, de modo geral, contribuindo para o deesenvolvimento global”, calculou.

Ramphele, que é da África do Sul, disse que o desenvolvimento, a demografia e a democracia “estão fazendo com que a migração internacional acelere-se no ritmo que estamos vendo hoje”. Na atualidade, disse, “muitos países ricos em mão-de-obra não podem absorver todos seus jovens em seu mercado de trabalho e os países ricos em recursos com escassa mão-de-obra precisam dos serviços dos migrantes, não apenas no final mas também em todo o processo de empregos.

Sharon Burrows, membro da comissão e presidente do Conselho Australiano de Sindicatos de Comércio, afirmou que os direitos, as responsabilidades e as contribuições dos migrantes precisam ser reconhecidos. “Na Austrália, temos tido 16 anos de crescimento econômico. Nada disto seria possível se não fôssemos uma nação multicultural baseada na migração. Na Califórnia, a economia poderia entrar em colapso sem os trabalhadores indocumentados. O mesmo ocorreria em Londres”, acrescentou.

“O que mais precisamos é que governos e organizações trabalhando com o tema migração parem de agir sozinhos. Todos os países, sem exceção, estão conduzindo o assunto migração como se os outros países não existissem. A maneira de sair deste dilema não é seguir em frente com a questão de soberania nacional, mas, sim, reconhecer a necessidade de cooperação”, finalizou Karlsson.

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