Especialista em meio ambiente afirma que plantas e animais são prejudicados
Há mais um argumento contra o muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México – e este não tem necessariamente a ver com a imigração. De acordo com o biólogo Sergio Ávila, educador ambiental da organização Sky Island Alliance, com sede em Tucson, o muro causará um dano iminente ao meio ambiente ao ameaçar o corredor ecológico da região, em especial na area entre o Arizona e o estado mexicano de Sonora. “Há vários pontos a serem considerados, mas pode-se dizer que já existe o impacto ecológico, na verdade desde que as obras começaram, com excavações, a chegada do material de construção e gente trabalhando na região”, confirma o especialista.
“Os animais desconhecem a fronteira. Ao bloquearem estes corredores biológicos, o risco de afetar o ciclo de reprodução e os processos de distribuição natural e controle dos animais é grande “, explicou Ávila. Para ele, aquele local é um corredor importante de biodiversidade que inclui zonas montanhosas e desertos, onde habita uma ampla variedade de animais e plantas.
Atualmente estão em andamento vários projetos de fortalecimento da segurança na divisa entre os EUA e o México, como parte de uma determinação aprovada pelo Congresso americano em 2005. A principal medida autoriza que o muro seja ampliado para 595 quilômetros de extensão e que sejam construídas ainda mais de 800 quilômetros de barreiras para impedir a passagem de veículos de um país para o outro.
Como um exemplo do impacto da construção do muro, Ávila mencionou o caso de duas espécies – o veado de rabo branco e a onça-pintada – que habitam aquela área. “Estes animais precisam de espaço suficiente e água para sobreviver. E modificar o seu ecossistema pode causar problemas”, disse o biólogo. Ele não descarta, por exemplo, a possibilidade destes animais selvagens cada vez mais se aproximarem das cidades em busca de alimentos.
De acordo com as estatísticas da Patrulha da Fronteira (Border Patrol), no estado do Arizona se concentra a maioria das prisões de indocumentados tentando entrar ilegalmente na América – cerca de 40% do total. Nesta região se registra também o maior número de mortes de imigrantes, causadas principalmente pelo calor enfrentado na travessia do deserto.
