O ministro do Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF), Alexandre de Moraes, deu 48 horas para que a defesa de Jair Bolsonaro esclareça trechos do relao da Polícia Federal (PF) que indicam possíveis violações de medidas cautelares e risco de fuga do país. As investigações encontraram no celular do ex-presidente um rascunho de pedido de asilo político ao presidente argentino Javier Milei. O documento, com 33 páginas, foi salvo em 10 de fevereiro de 2024, dois dias após a Operação Tempus Veritatis e a apreensão de seu passaporte. No texto, o ex-presidente alegava ser vítima de perseguição política no Brasil e dizia temer por sua vida. O governo argentino, no entanto, informou que não recebeu solicitação formal de asilo.
O relatório também aponta que Jair buscou orientação com Martin de Luca, advogado ligado à Trump Media & Technology Group, empresa associada ao ex-presidente norte-americano Donald Trump. Segundo a PF, as conversas teriam ocorrido por meio de aplicativos de mensagens e fariam parte de uma estratégia para coagir o STF e obstruir a Justiça, por meio de ataques ao ministro Alexandre de Moraes em articulações internacionais.
A PF indiciou na quarta-feira (20) Jair Bolsonaro (PL) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O relatório, encaminhado ao STF, integra a Ação Penal 2668, que já tornou o ex-presidente réu por cinco crimes ligados à tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Eduardo reagiu publicamente, classificando o indiciamento como “delirante” e acusando a PF de criminalizar diálogos políticos. Para aliados, os desdobramentos reforçam o embate entre Bolsonaro e o Judiciário, que se intensificou após as eleições de 2022.