Com os preços do café em alta no mercado global, produtores brasileiros estão enfrentando uma nova ameaça: o aumento nos roubos de cargas. Só em Minas Gerais, pelo menos três ocorrências recentes envolveram o roubo de centenas de sacas de café, segundo a Polícia Civil. Em um dos casos, criminosos armados invadiram uma fazenda, fizeram reféns e levaram cerca de 500 sacas, avaliadas em mais de R$ 230 mil.
O problema não é isolado. De acordo com reportagem da Reuters, o valor médio de uma carga de café atualmente ultrapassa os 180 mil dólares, o que torna o grão um alvo atrativo para o crime organizado. As ações vão desde assaltos diretos em propriedades rurais até fraudes no transporte, em que criminosos se passam por transportadoras legítimas. Casos semelhantes também foram registrados nos Estados Unidos, onde importadores lidam com cargas desviadas e prejuízos em contratos.
Como principal destino do café brasileiro, os EUA também sentem os efeitos da insegurança logística. Aumento de custos, risco de atrasos e perda de qualidade nas entregas já pressionam torrefadoras, cafeterias e redes varejistas americanas. Há ainda o temor de que a continuidade dos crimes leve a uma busca maior por fornecedores de outros países, como Colômbia e Vietnã, reduzindo a participação do Brasil no mercado externo.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e outras entidades do setor já alertaram para o impacto desses crimes na logística e no cumprimento de contratos de exportação. Com a previsão de colheita reduzida e os preços em alta, produtores pedem reforço na segurança rural e nas rotas de escoamento, especialmente nas regiões cafeeiras do Sudeste.
