Em entrevista ao programa Sunday Morning Futures, da Fox News, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, atribuiu aos imigrantes latino-americanos a responsabilidade pela alta nos preços da carne, alegando que eles estariam cruzando a fronteira trazendo gado infectado. Veterinários e epidemiologistas reconhecem que o parasita conhecido como “mosca-da-bicheira” representa um risco sanitário real, mas enfatizam que não existe documentação técnica que comprove surtos recentes relacionados à migração ou ao transporte clandestino de animais.
Especialistas em comércio exterior e agronegócios consideram a tese de Bessent simplista e apontam para causas estruturais do aumento dos preços, como a escassez de oferta, tarifas elevadas e problemas logísticos na produção. Além disso, ressaltam que a própria cadeia interna de abastecimento enfrenta desafios significativos, incluindo seca em regiões-chave de criação, custos elevados de manutenção do rebanho e redução no volume de gado disponível.
Os analistas reforçam que o enfrentamento da inflação da carne exige políticas de longo prazo, incluindo incentivos à ampliação da produção doméstica, maior regulação sobre a concentração do mercado, diversificação das fontes de importação e investimentos consistentes em controle sanitário. Outro ponto destacado é a forte concentração da indústria de processamento de carne, dominada por poucas empresas. Esse poder de mercado concede aos frigoríficos e empacotadoras grande capacidade de precificação, tornando o setor mais vulnerável a práticas que podem elevar artificialmente os preços.
