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Situação na América Central provoca fuga para para os EUA

Texas, Califórnia e Geórgia são os estados onde há mais ordens de deportação dentro do território americano

Encontro de um “dreamer” com seus pais deportados na fronteira entre Texas e México
Encontro de um “dreamer” com seus pais deportados na fronteira entre Texas e México

DA REDAÇÃO (com Agências) – Um relatório recente do grupo Transactional Records Access Clearinghouse (TRAC) da Universidade de Syracuse, em New York, revelou que entre outubro de 2015 e abril de 2016 as cortes de imigração (EOIR, na sigla em inglês) apresentaram 44.204 ordens de deportação para imigrantes, e uma em cada cinco foi expedida no Texas, onde expediu-se a ordem para 10.102 imigrantes indocumentados deixarem o país.

Além do Texas, Califórnia e Geórgia são os três estados onde foram expedidos os maiores números de ordens de deportação no ano fiscal 2016.

Em janeiro, o TRAC reportou que em média 86% das crianças e mulheres imigrantes que se apresentaram às cortes de imigração não tinham a representação de um advogado.

A Associação Americana de Advogados de Imigração (AILA, na sigla em inglês) informou que mais de 93% dos casos onde não há uma representação legal adequada, os juízes emitem uma ordem de deportação.

“Em vez de gastar milhares de dólares em presídios para famílias centro-americanas e mais dinheiro para batidas e deportações, o governo poderia direcionar esses recursos para advogados que dão assistência a esta população refugiada”, disse Bárbara Hines, Senior Fellow de Emerson Collective, no Texas. “A solução é dedicar recursos e políticas coerentes para resolver a crise na América Central” (a violência, as quadrilhas e a falta de proteção institucional).

A advogada e pesquisadora disse ainda que “a crise é lá, não aqui. As pessoas continuam vindo pela insegurança que vivem em seus países de origem” (Guatemala, El Salvador e Honduras) e as deportações “não vão parar a onda de imigrantes e servem para gerar mais medo na comunidade imigrante nos Estados Unidos”.

“Todas as mulheres que atendo (no centro de detenção do ICE) em Karnes City (localizado em San Antonio, Texas) estão tão assustadas, conviveram com tanta violência e insegurança em seus países que seus temores não cessarão até que surjam soluções na América Central. Elas vão continuar procurando um lugar seguro para seus filhos” aqui nos Estados Unidos, longe da violência”, destacou.

Organizações que defendem os direitos dos imigrantes voltaram a ligar os sinais de alertas pelo aumento das deportações. “Estamos bastante decepcionados com os relatórios em torno do aumento de batidas contra as famílias centro-americanas, em especial daqueles refugiados que chegam aos Estados Unidos escapando da violência em seus países de origem”, comentou Ben Monterroso, diretor executivo de Mi Família Vota.

O ativista acrescentou que ”estas famílias, mulheres e crianças devem ser protegidas e não perseguidas e enviadas para uma morte certa”.

Pesquisadores e grupos de direitos humanos, entre eles Human Rights Watch (HRW), advertiram que os imigrantes que perdem seus casos de asilo e são deportados correm um alto risco de serem assassinados em seus países de origem pelas pessoas ou grupos que causaram a fuga para os Estados Unidos em busca de proteção.

“A solução para este problema é muito complexa porque não é apenas grande, é o resultado de anos de violência, falta de oportunidades e corrupção nos países onde se origina a imigração”, disse Monterroso. “E também da falta de atenção para a região centro-americana e da ausência de uma reforma imigratória”. No momento, precisamos assegurar que não sejam deportados aqueles que estão buscando refúgio para não serem mortos”, sublinhou.

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