Antonio Tozzi Esportes

Tite é o cara?

Em entrevista recente, Adenor Leonardo Bacchi, mais conhecido como Tite, afirmou para os jornalistas e, por extensão, a todos os brasileiros: “O Tite não é o cara!” Vamos descontar o fato de o técnico da Seleção Brasileira de Futebol falar na terceira pessoa, mas sua mensagem faz sentido. Ele fez questão de destacar o trabalho de equipe instaurado na seleção canarinho após a estreia dele à frente da “verde-amarela”. Afinal, os resultados não poderiam ser mais expressivos: quatro jogos, quatro vitórias, 12 gols marcados, um gol sofrido. E, de quebra, a liderança nas Eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo na Rússia 2018.

Entretanto, vale a pena ver o que seus comandados falam sobre ele, sobretudo o craque Neymar, maior nome da equipe. Em entrevista ao G1, o craque do Barcelona disse que ele mudou a Seleção e é um dos mais bem preparados com quem já trabalhou.

“A chegada do Tite mudou, sim, a Seleção. Não o ambiente que tínhamos dentro antes, pois a Seleção sempre teve um bom ambiente. Porém, acho que ele levou esse bom ambiente para fora, passou a ser externamente. Todo mundo está se sentindo mais leve. E o Tite me surpreendeu muito como treinador. É um dos treinadores mais bem preparados e um dos melhores com quem já trabalhei. Isso posso dizer apesar do pouco tempo que tenho com ele. Está sendo um grande prazer ser jogador do Tite. Tenho muita certeza de que ele nos levará à Copa do Mundo, quiçá pinte um título pra gente. Acho que ele está organizando a casa, fazendo tudo direitinho.

Neymar também comentou as críticas que tem recebido de adversários dentro de campo por conta de seu estilo de jogo mais ousado do que o tradicional. Mas ele garante que não mudará. “Eu não vou mudar, com certeza não. Eles têm que saber que eu tenho meu jogo, meu jogo é esse. De driblar, fazer gols, ajudar os companheiros, e sou feliz jogando assim. Se eles não gostam, não posso fazer nada. Hoje pode dar pancada, driblar não pode. Está cada vez mais difícil, não se pode fazer nada. Não vou mudar meu jogo”, afirmou Neymar, apontado até mesmo por Maradona como um dos maiores craques de futebol da atualidade.

A Seleção realmente mudou

Há muito tempo não se via os brasileiros empolgados com a Seleção Brasileira de Futebol. Depois das más campanhas e de jogos decepcionantes, eram comum as críticas à “Selenike”, aos ricos e descompromissados jogadores e à CBF. Até mesmo nos protestos pelo impeachment de Dilma foram usadas camisas da Seleção e os adversários diziam que aquilo era uma forma de defender corruptos… Enfim, não havia sintonia entre torcedores e o time. Agora, tudo mudou. Sobretudo após os dois primeiros jogos, com vitórias sobre Equador em Quito e Colômbia em Manaus. Nesta última rodada, o Brasil se impôs aos dois fracos adversários: goleada de 5 a 0 sobre a Bolívia em Natal e vitória de 2 a 0 sobre a Venezuela em Maracaibo. O interessante é notar que o grupo de jogadores é basicamente o mesmo. A única novidade foi a estreia de Gabriel Jesus como titular na seleção principal. O jogador de apenas 19 anos mostrou que, aparentemente, a Seleção Brasileira de Futebol encontrou o camisa 9 que tanto procurava. O atacante do Palmeiras marcou quatro gols em quatro partidas, sofreu pênalti e deu assistências, demonstrando que talent não tem idade. Os únicos que estão tristes são os torcedores palmeirenses, porque tiveram pouco tempo para curtir o novo ídolo. Já vendido para o Manchester City, o Verdão torce pelo menos para que ele deixe o clube com o tão sonhado título de campeão brasileiro. Quanto a Gabriel Jesus, tem um futuro promissor, até porque será treinado por Pep Guardiola, considetrado o melhor treinador de futebol do mundo.

Os mandos de jogos

A CBF, mais uma vez, cria um problema que está gerando críticas de torcedores e dirigentes. Após ter permitido que alguns adversários vendessem mandos de jogos para fazer caixa, a entidade que comanda o futebol brasileiro decidiu que este artifício está proibido nas cinco últimas rodadas do Brasileirão. A questão, por si só, é polêmica. Embora a intenção da CBF seja a de garantir isonomia nas rodadas decisivas do Campeonato Brasileiro de 2016, a nova determinação é igual a colocar tranca na porta depois de a casa ser roubada. Ora, o América vendeu seu mando de jogo para enfrentar o Palmeiras em Londrina. Assim, o líder é que acabou ficando com o mando de jogo, porque a partida foi jogada em uma cidade com muitos torcedores palmeirenses, facilitando a tarefa do Verdão, que faturou três pontos com tranquilidade. O mesmo ocorreu com o Santa Cruz que vendeu seu mando de campo contra o Corinthians para os times se enfrentarem na Arena Pantanal. O Timão, que vinha mal no certame, derrotou o vice-lanterna sem dificuldades e se manteve na disputa por uma vaga na Copa Libertadores da América. Agora, os adversários destas duas equipes virtualmente rebaixadas para a Série B não poderão beneficiar-se deste recurso. Embora pelo critério e ético isto seja condenável, não se pode esquecer as dificuldades pelas quais estão passando as equipes menores. O Santinha, por exemplo, deve dois meses de salários a jogadores e funcionários e viu neste recurso uma maneira de fazer caixa para honrar seus compromissos. Enfim, há sempre duas interpretações para um mesmo fato.

Rodada dividida

Por causa dos jogos da Seleção Brasileira de Futebol pelas Eliminatórias, os principais jogos foram programados para a quinta-feira (13). No feriado de 12 de outubro, porém, foram realizadas quatro partidas. Em Chapecó, o time da casa derrotou o Sport Club do Recife por 3 a 0 (gols de Thiego, Ananias e Kempes) na despedida do técnico Oswaldo de Oliveira, que pediu demissão para assumir o Corinthians. Entretanto, as fortes pressões de torcedores e conselheiros do clube têm impedido a confirmação de seu nome, o preferido do técnico Roberto Andrade. O resultado serviu para tranquilizar a Chapecoense e deixar o Rubro-negro pernambucano em situação difícil, à beira do Z4. O time catarinense enfrenta o Cruzeiro em Belo Horizonte, outro time que luta para escapar do rebaixamento, enquanto o Sport tem um choque direto com o Vitória, no Recife, porque o clube baiano também está entre os ameaçados.

Timão derrota Santa Cruz

Se os dois times de Recife não melhorarem, Pernambuco corre o risco de perder seus dois representantes na Série A do Brasileirão 2016. Aí, o jeito será torcer pelo Náutico que está no G4 da Série B. O incrível é que o Tricolor de Recife possui um dos ataques mais fortes do Campeonato Brasileiro com 35 gols e Grafite é um dos vice-artilheiros da competição. Porém, o Cobra Coral tem a pior defesa, com 54 gols contra. O Alvinegro paulista, que tem um dos piores ataques do certame, anotou quatro gols (dois de Guilherme, Marlone e Luca) na vitória de 4 a 2 sobre o Santa, que marcou com a dupla de ataque Grafite e Keno. No final de semana, o Timão pega o lanterna América-MG no Itaquerão e o Santa Cruz joga contra a Ponte Preta em Campinas.

Coritiba e Figueirense não saem do zero

Coritiba e Figueirense, dois times que correm risco de ser rebaixados para a Série B, empataram em 0 a 0 em Curitiba. O resultado foi ruim para os dois. O Coxa ainda está na zona perigosa enquanto a equipe de Florianópolis já está no Z4. No final de semana, Coritiba joga o clássico contra o Furacão na Arena da Baixada e o Figeirense recebe o líder Palmeiras no Orlando Scarpelli.

Inter se afunda ainda mais

A cada rodada que passa mais se complica a situação do Internacional de Porto Alegre. O último revés ocorreu no Estádio Luso Brasileiro, no Rio de Janeiro, com a derrota de 1 a 0 para o Botafogo, gol de Penalti anotado por Sassá, um dos artilheiros do Brasileirão 2016. O resultado serviu para aumentar bastante as esperanças do Alvinegro carioca em conquistar uma das vagas da Pré-Libertadores. Seu próximo compromisso não é fácil. Recebe o Atlético-MG no Rio em briga direta por vagas na Copa Libertadores da América. O Inter tem outra pedreira. Recebe o vice-líder Flamengo no Beira-Rio com necessidade de vencer para tentar se livrar da incômoda situação em que se encontra.

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