Carlos Wesley Esportes

Uma ‘nova’ era na CBF?

Samir Xaud será aclamado presidente de uma entidade dividida entre clubes e federações 

O médico Samir Xaud será o novo presidente da CBF (Foto: CBF)
O médico Samir Xaud será o novo presidente da CBF (Foto: CBF)

Se não houver imprevistos, a instituição máxima do futebol brasileiro terá um novo comandante a partir deste 25 de maio. Samir Xaud, médico infectologista e dirigente obscuro de Roraima, é candidato único da eleição e será aclamado como presidente da CBF para um mandato de quatro anos. Apesar do apoio quase irrestrito das federações, ele já convive com a insatisfação dos clubes antes mesmo de assumir o cargo: os representantes de pelo menos 20 equipes das séries A e B prometem boicotar o pleito como forma de protesto contra o sistema eleitoral e a falta de democracia no processo.

A insatisfação dos clubes não vai mudar o destino traçado dentro dos gabinetes. Afinal, o voto de cada federação tem peso três no colégio eleitoral, o que garante o controle absoluto às entidades estaduais. Mas o objetivo do movimento simbólico é justamente buscar mais representatividade para os verdadeiros responsáveis pelo espetáculo: as equipes, que pagam os salários dos jogadores. Os clubes que já confirmaram o boicote são América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo-SP, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Mirassol, Novorizontino, Santos, São Paulo, Sport.

Além das mudanças no processo eleitoral, as agremiações exigem o comprometimento da CBF com a criação de uma Liga de Futebol, a profissionalização das arbitragens, um calendário mais organizado e o estabelecimento de regras de Fair Play Financeiro. A nota divulgada em conjunto lembra que “sem clube não há futebol”, mas ressalta que o grupo está disposto a debater questões importantes com a nova gestão, “em prol do esporte”.

Diante dessa situação, que não deixa de ser histórica e acende uma chama de esperança para os torcedores cansados de tantos escândalos e desmandos na CBF, a nova administração não tem outra saída senão buscar o entendimento com os clubes. E é curioso e quase emblemático que o novo presidente seja um médico de formação: afinal, a entidade é praticamente um “paciente terminal”, com cinco dos seus mais recentes comandantes presos ou afastados do cargo. E, a pouco mais de um ano da Copa do Mundo, ninguém deseja que tais divergências criem um racha ainda maior entre clubes e federações.

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