Brasil

Voluntário gaúcho se emociona ao falar de resgates no RS

Empresário de Porto Alegre conta a experiência de resgatar vítimas das enchentes

O plano do empresário Fabiano Saldanha era desembarcar, nesta segunda-feira (13), no Aeroporto Internacional de Miami, onde passaria as férias, mas o destino do gaúcho mudou, bem como o de milhares de seus conterrâneos, após as enchentes que devastaram quase 90% dos municípios do Rio Grande do Sul, fechando aeroportos e estradas.

Em entrevista ao AcheiUSA, Saldanha falou sobre sua participação no trabalho de resgate das vítimas. “No dia 2 de maio, eu e três amigos pegamos nossos jet skis e fomos para as ilhas ao redor de Porto Alegre – Ilha da Pintada, Marinheiros, Pavão e Ilha das Flores – resgatar as pessoas que já estavam com a água batendo no peito”, contou. “Só no primeiro dia, resgatei mais de 70 pessoas, fazendo viagens com um único jet ski”, disse. “Nosso lema era ‘ninguém vai ficar para trás’”, disse.

Saldanha conta que, nessa fase dos resgates, não havia infraestrutura para receber as vítimas em solo, na região da ponte de Guaíba, em Porto Alegre. “As pessoas chegavam descalças, com frio, e a população gaúcha, incansável, se prontificou a trazer roupa, comida, cobertores e começou a organizar os abrigos”, conta.

Segundo Saldanha, os primeiros dias de chuva intensa e enchentes foram os mais fatais. “Eu vi muitos animais morrendo, sem que a gente pudesse ajudar”, lembra. “Filmei a luta de um cavalo preso em uma árvore por uma corda e a gente não tinha equipamento para tirá-lo de lá. Essas cenas me deixaram muito abalado”, contou emocionado.


Além disso, Saldanha destacou a ação daqueles que ele chama de “oportunistas de tragédia”. “Com barcos, facções estavam entrando em casas e empresas e saqueando o que havia sobrado”, diz. “Por isso, muitas pessoas resistiram sair de casa, protegendo seus bens, mas correndo risco de morrer”, conta. “Fiquei muito tocado com a reação de um senhor de idade que não queria sair de casa. Ele dizia não ter muito tempo de vida para reconstruir o que foi perdido. Foi muito triste ver o desespero das pessoas”, conta.

Envolvido nos trabalhos de resgate desde o início, Saldanha disse ao AcheiUSA que a chuva continua, mas situação está mais organizada no momento, com a atuação de equipes federais no estado. “Esse trabalho de reconstrução terá muitas etapas e precisamos esperar a água baixar para ver o que mais essas pessoas que perderam tudo precisam”, completou.

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