Imigração

Famílias com status migratório misto elaboram planos de emergência diante de deportações

Designar responsáveis legais pelos filhos, guardar documentos importantes e criar planos de comunicação de emergência são algumas das ações preventivas.

Com medo das deportações, famílias de status migratório misto estão elaborando planos de emergência em caso de detenção ou expulsão. Foto: Reprodução TV

Mais de 5,5 milhões de crianças cidadãs americanas vivem nos EUA em famílias de status migratório misto, formadas por membros com cidadania ou visto legal e outros indocumentados. Diante do aumento das deportações no governo atual, essas famílias enfrentam um clima crescente de incerteza e muitas já elaboram planos de emergência para proteger os filhos caso os pais sejam detidos ou expulsos do país.

Em Washington, D.C., um pai hondurenho que vive há 25 anos nos EUA relatou ter passado semanas se escondendo, diante da presença intensa de agentes do ICE na vizinhança. Ele e a esposa, ambos indocumentados, decidiram que apenas o filho de 17 anos, cidadão americano, sairia de casa, para ir à escola. A família conversou com amigos americanos sobre a possibilidade de cuidarem do adolescente em caso de deportação e, com orientação jurídica, formalizou um acordo de guarda temporária legal.

Esse tipo de planejamento tem se tornado cada vez mais comum. Segundo advogados ouvidos por uma reportagem da NPR, há um crescimento significativo no número de famílias imigrantes buscando documentos de tutela emergencial nos últimos meses. A presidente da Central Florida Hispanic Bar Association, Ginger Miranda, reforça a importância de que esses arranjos sejam feitos formalmente, com respaldo legal — e não só combinados verbalmente —, para garantir a segurança das crianças em caso de separação familiar.

Um levantamento recente do Urban Institute mostra que cerca de 4 em cada 10 famílias com status migratório misto relatam ter tomado ações preventivas, como designar responsáveis legais pelos filhos, guardar documentos importantes e criar planos de comunicação de emergência. Em alguns casos, até crianças pequenas são instruídas sobre o que fazer se os pais não voltarem para casa.

Sem planejamento, filhos cidadãos de pais indocumentados podem ser deixados sozinhos ou, em situações extremas, encaminhados ao sistema de acolhimento temporário. Para essas famílias, a preparação prévia é medida essencial para garantir o bem-estar físico e emocional dos filhos, e preservar seus direitos como cidadãos americanos.


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