Histórico

Escritório de Harvard no Brasil auxilia pesquisadores

No Brasil, o departamento começou a funcionar em junho de 2006, em São Paulo

Numa estratégia para facilitar o intercâmbio de professores e alunos, a universidade norte-americana Harvard conta com diversos escritórios espalhados pelo mundo. No Brasil, o departamento começou a funcionar em junho de 2006, em São Paulo, e tem ajudado pesquisadores da instituição a fazer estudos no País, o que leva a criação de novos cursos.

“O fato de o Brasil ser um país importante, fascinante e receptivo também ajuda a aumentar e manter o interesse dos professores”, diz o diretor do escritório brasileiro, Jason Dyett. Tem crescido também o número de monografias e teses focadas no Brasil. David Martin, de 21 anos, que estuda saúde pública, aguarda ansioso pela nota que receberá no trabalho de conclusão de curso que discute a “resposta brasileira contra a Aids”.

“Harvard está acordando para o Brasil”, acredita sua colega e aluna de Letras e História Rosa Evangelina Beltran, de 20 anos. Mexicana, veio para os EUA ainda bebê, e é a primeira de sua escola pública na Califórnia, e de sua família, a estudar em Harvard.

O interesse de Rosa pela América Latina a levou primeiro para o departamento de português. Estudou história e literatura brasileiras e acabou fazendo intercâmbio de seis meses no Rio em 2006. Hoje, ela e David fazem o curso Português e Comunidade. Como parte das tarefas, Rosa é voluntária no Centro do Imigrante Brasileiro, em Boston. E nas próximas férias de verão trabalhará em uma ONG em São Paulo.

“Nada mais motiva a juventude hoje do que se envolver em comunidades e estudos de países estrangeiros, onde podem fazer diferença”, explica o professor da Universidade de São Paulo (USP) Nicolau Sevcenko, que ministra aulas sobre o Brasil em Harvard. Essa convicção o levou a participar e vencer, em 2005, um concurso internacional para professor catedrático de história e cultura brasileira em Harvard.

Como ainda não se desligou da USP, dá aulas nos EUA apenas entre fevereiro e junho. Mas já avisa que a mudança logo será definitiva. “Sair da USP vai ser como cortar uma parte de mim. Mas, ajudando nesse novo projeto de Harvard, posso dar um retorno maior ao meu país e à sociedade.”

Uma de suas incumbências é a de montar um grande acervo de estudos brasileiros em Harvard, com livros, enciclopédias, mapas, vídeos, peças de teatro, espetáculos musicais. “Aqui, não há limite financeiro para a aquisição desse material. É uma coisa até difícil de acreditar para nós, brasileiros”, diz.

O projeto inclui ainda a criação de uma rede entre universidades americanas, com troca de informações, pesquisas sobre o Brasil. Na aula de Sevcenko, ele conta da renúncia de Jânio Quadros, do AI-5 e inclui um comentário sobre a crise aérea recente no País e a reação dos militares.

A americana Raquel Kennon, aluna de pós-graduação que sonha em conhecer a Bahia, anota palavra por palavra. “O Brasil é um novo campo de pesquisa que está se abrindo. Há muito o que aprender”, diz ela.

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