Marcus Coltro

Arrumando um pet

Arrumando um pet

Me ferrei. Acabei cedendo e arrumando um pet para a Bianca – ela me atormentou por semanas para que eu aceitasse que ela tivesse uma drog… digo, um coelhinho fofinho de estimação. Por mais que eu dissesse que coelhos cheiram mal, principalmente em um apartamento pequeno, ela insistia e me mostrava trocentos videos e textos que diziam que coelhos eram lindinhos, inteligentes, limpos e tinham mil e uma utilidades (ahã….ah tá).

Contra todos meus princípios, acabei aceitando o fato de que teria de ter um pet em casa principalmente pelo fato de a Bianca passar a maior parte do tempo lá. Talvez um gato (eu queria um ornitorrinco, mas me disseram que não é um bom pet). Cachorro nem pensar, demanda muito mais atenção e precisa passear para sujar as calçadas do bairro (meu, como tem gente porca aqui!).

Gatos aparentemente tem hábitos mais limpos e não enchem o saco para ficar saindo o tempo todo. Fui até uma loja grande perto de casa, onde a Bianca havia visto o tal coelho que “havia adorado ficar em seu colo e era bonitinhoporfavorpapaideixaeucomprar”. Falei com o vendedor e perguntei se eles não tinham gatos à venda. Eu não fazia ideia de que há muito tempo não vendem gatinhos em lojas, e que eu poderia adotar um em uma ONG. E onde catso tem uma ONG? “O senhor pode procurar na internet”.

Saí de lá depois daquela informação super brilhante, e lembrei que no subsolo do estacionamento de um supermercado ali perto havíamos visto umas senhoras oferecendo cachorrinhos para adoção, quem sabe elas não estariam lá de novo…. não estavam, mas tinha outro pet shop no estacionamento com uma vitrine com cachorrinhos. Contei a história toda para a dona e a ela me passou o telefone de uma ONG, junto com umas fotos de gatinhos para adoção. Vi as fotos e tinha uma gatinha preta – já que uso roupas pretas a maior parte do tempo, os malditos pelos que certamente encontraria na casa toda não apareceriam grudados na minha roupa… (sim, sou um cara prático!)

A Bianca já  estava me deixando louco com o cats… digo, com o coelhinho e eu queria resolver logo esses assunto antes que eu chegasse em casa e encontrasse o Pernalonga lá. A dona da ONG me disse que eu teria que esperar umas semanas para que a gatinha tivesse peso suficiente para que fosse castrada, despulguetizada (sei lá como chama) e fosse mais forte. Semanas? Ouvindo intermináveis razões pelas quais um coelho é a melhor companhia de uma adolescente??? Eu estava louco para acabar com aquilo tudo e perguntei onde ela morava – adivinhem onde? No meu quarteirão, na rua de cima! Em uma cidade do tamanho de São Paulo isso foi quase que um aviso dos deuses protetores dos pais de adolescentes!

Após muita insistência (tipo, “se eu não puder receber logo o gato, vou em uma loja comprar uma lontra!”), ela aceitou entregar o bichinho antes. Marquei para um horário que a Bianca estivesse lá, e fiquei com o celular engatilhado para a hora que a moça chegasse. O porteiro tocou o interfone e assim que abri a porta chamei a Bianca e comecei a filmar. Ela não entendeu na hora, mas quando percebeu que havia um bichinho na caixa, disse com voz embargada:

– O que é isso, pai? Eu não ia ganhar um coelho?

– Sim, isso é um coelho preto…

– Eu vou ganhar um gatinho???? É sério??

Me deu um abraço, e encheu os olhos de lágrimas – e eu parei de filmar porque entrou um cisco nos meus olhos e também saíram lágrimas, sabe como é, né?

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