Histórico

Brasileira de Miami reencontra filho após 11 anos

Garoto foi levado pelo pai para a África do Sul quando tinha dois anos

Joselina Reis

Juliana e filho em New York - Reencontro com Julian e o pai em Capetown, África do Sul
Juliana e filho em New York / Reencontro com Julian e o pai em Capetown, África do Sul

Quando se separou do marido em 2001, Juliana Saftchick nem imaginava que só voltaria a ver o filho 11 anos depois. O marido, na época, não concordava com a separação e principalmente com a ideia de que ela tinha outro namorado.

“Eu nunca perdi a esperança de um dia rever meu filho. Fiz tudo o que podia na época, mas eu estava sozinha, tinha apenas 21 anos e mal falava inglês”, conta a brasileira que há seis anos mora em Miami onde trabalha como maquiadora.

Tudo aconteceu em 2001, quando a família ainda morava em New York. Como uma briga entre seu ex-marido e o namorado de Juliana piorou a relação do casal, o pai do menino, mesmo sem autorização da mãe, viajou para a África do Sul levando Julian Forbes, na época com dois anos e meio. A brasileira conta que até o FBI foi procurado na época, mas nada aconteceu.

“Eu mal sabia o que fazer. Pedi ajuda à minha família no Brasil e os anos foram passando e a única coisa que eu tinha era a esperança”, conta a brasileira, ainda muito emocionada em relatar o passado e o desenrolar da história.

Somente em 2012, com ajuda de uma amiga e muita sorte, Juliana entrou em contato através do Facebook com um menino de 13 anos em Capetown (capital da África do Sul) e descobriu que ele era o filho que ela procurava. “A única coisa que posso dizer é que foi a ajuda de Deus naquele momento. Eu já tinha revirado o Facebook e nunca encontrei nada, um dia uma amiga disse que iria me ajudar e de repente lá estava ele na tela do computador”, conta emocionada.

A amizade entre os dois teve que ser reconstruída aos poucos durante quase um ano para que finalmente em março de 2013 eles pudessem se reencontrar. Juliana garante que, ao contrário do que muitas pessoas possam imaginar, não pensa em vingança contra o ex-marido. “Eu escolhi uma aproximação saudável com o meu filho e não é entrando em uma briga judicial que vou conseguir isso. Eu sei que nunca abandonei meu filho e provei isso para ele”, garante.

Ao invés de presentes para o garoto, que completou 14 anos do dia 23 de abril, Juliana levou a certidão de nascimento, fotos da infância dele em New York e documentos provando que procurou por ele por mais de onze anos. “Quando vi meu filho, senti como se tivesse dado à luz naquele momento. Tamanha foi a emoção”, lembra.

Julian, que vive em um internato na África do Sul, quer passar as férias de verão em Miami. Segundo a mãe brasileira, o filho não teve nenhum contato com a cultura brasileira, mas está encantado com a ideia de conhecer mais sobre essa parte de sua origem. Quanto ao pai (que ela prefere não divulgar o nome completo com medo de represálias), não deve vir aos EUA, mas concordou em liberar o adolescente para conhecer a outra parte da família.

Juliana quer agora escrever um livro contando toda a busca pelo seu filho e como a aproximação amigável entre as duas famílias fez com que o reencontro fosse amigável e promissor. “Essa foi uma escolha minha e não me arrependo. Hoje, posso afirmar para todas as mães que um dia passaram por esse sofrimento que, enquanto existir vida, há esperança”, afirma.

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