O esporte brasileiro tem inúmeros ídolos, que se destacaram nas mais diversas modalidades: Pelé, Ayrton Senna, Hortência, Gustavo Kuerten e, mais recentemente, Rebeca Andrade. E, ao que tudo indica, esta galeria poderia ter outro conterrâneo – afinal, o sujeito já foi campeão mundial: estou falando do maranhense Wagner da Conceição Martins, conhecido como Zuluzinho, que já chegou ao lugar mais alto do pódio das bizarras competições de “tapa na cara”.
Parece brincadeira, mas Zuluzinho está em uma cruzada para difundir o esporte no nosso país. No exterior, especialmente na Rússia, onde surgiu, o “tapa na cara” (ou slap fighting, em inglês) tem milhares de adeptos, regras rígidas, federações organizadas e público que gosta de assistir este tipo de agressão, considerado “o maior símbolo de humilhação”. Nos Estados Unidos, o todo-poderoso presidente do UFC, Dana White, está por trás da criação da primeira liga norte-americana da categoria (Power Slap, com mais de seis milhões de seguidores nas redes sociais) e já realizou 12 eventos, a maioria em Las Vegas. Outras provas de que o “tapa na cara” é um sucesso são o número de visualizações dos vídeos dos combates no Youtube e a surpreendente audiência de um reality show transmitido há alguns anos pelo canal TBS nos EUA, com praticantes do esporte.
Mas nem tudo são flores no slap fighting: médicos têm alertado que os repetidos tapas na cara podem causar concussões e sérios danos cerebrais. A opinião foi corroborada por um estudo conduzido por especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, com a análise de 78 lutas entre 56 competidores, envolvendo 333 tapas. De fato, em 2021, um lutador polonês, Artur Walczak, sofreu uma hemorragia cerebral durante o combate e morreu dias depois no hospital, com falência múltipla de órgãos relacionada ao problema na cabeça.
Mas Zuluzinho, filho do ícone de MMA Rei Zulu, acredita que o esporte não é tão violento como dizem. E, por isso, tem trabalhado para criar uma espécie de campeonato brasileiro de “tapa na cara”. “Já tem muita gente competindo, mas os torneios são muito amadores e não há um calendário estabelecido”, explica Zuluzinho, que conquistou o título mundial na Rússia, em seu torneio de estreia e derrotando o grande nome do esporte de todos os tempos, Vasily Kamotsky, na casa do adversário.