Histórico

Brasileiro relata medo ao vivenciar terremoto no Peru

da Folha Online

O executivo brasileiro Juliano Cardoso, 38, passou por momentos assustadores na noite desta quarta-feira, ao vivenciar o terremoto de 7,9 graus na escala Richter que matou ao menos 350 pessoas no Peru.

“Fui testemunha de tremores por 30 ou 40 vezes no Chile, onde vivo há 4 anos, mas nunca vivi um terremoto como este”, disse Cardoso, responsável por operações de uma empresa de certificação no Chile e no Peru, por telefone de Lima à Folha Online. No momento do terremoto, Cardoso estava no aeroporto da capital.

O executivo conta que sentiu o primeiro tremor quando aguardava na sala VIP do aeroporto. “Estava esperando um vôo para Santiago de Chile, onde eu moro. Por volta das 19h, começaram os primeiros tremores e, após uns dez segundos, veio o primeiro tremor mais forte”. Com experiência neste tipo de situação, Cardoso afirma que percebeu, após estes primeiros instantes, que se tratava de um abalo sísmico de grande proporção.

Ele conta que os funcionários do aeroporto tentaram reunir as pessoas em pontos próximos das colunas do prédio. “Havia placas caindo do teto, e um ruído ensurdecedor. Após o primeiro minuto, começou uma segunda onda de tremor, ainda mais forte. Eu e meu amigo corremos para uma saída de emergência, todos que estavam perto nos seguiram e, por sorte, conseguimos sair em uma área externa do aeroporto”, relata o brasileiro.

Cardoso viajava com um colega de trabalho chileno, que lhe disse que também nunca havia passado por uma experiência tão aterradora como esta. “Era o caos, havia muita poeira, estruturas metálicas caindo do teto, nunca havia passado por algo parecido”, afirmou o empresário.

Já na área externa, Cardoso permaneceu por cerca uma hora ao lado de seu colega, de outros passageiros e de funcionários do aeroporto.

“Todo mundo estava muito assustado, inclusive os funcionários, que pediam calma às pessoas. Eles falavam em espanhol, e muitos estrangeiros que não falavam espanhol não os entendiam, eu ajudei na comunicação”.

Comunicação

Após uma hora de espera, Cardoso conta que foi encaminhado, ao lado do grupo de passageiros, a uma segunda sala VIP, menos danificada que a anterior, e que estava sendo limpa.

“Eu tentei telefonar para minha mulher, que mora comigo em Santiago mas estava em São Paulo, mas era impossível. Depois, tentei ligar para o escritório no Peru, no Chile, mas nada”, disse o brasileiro.

Após não conseguir estabelecer contato por telefone, o executivo decidiu fazer suas ligações pela internet.

A conexão sem fio na sala VIP do aeroporto funcionava normalmente, e Cardoso pode então ligar para o celular de sua mulher em São Paulo e tranqüilizá-la.

“Eu queria falar com ela antes que chegassem as notícias sobre o terremoto e deu certo, ela estava na rua”.

Ele chegou a emprestar seu notebook ao amigo chileno, que também tranqüilizou a família no Chile, e para cerca de outras dez pessoas que estavam no aeroporto.

Pessoal

Ao conversar com a Folha Online, Cardoso acabava de receber a notícia de que dez pessoas que trabalham em sua companhia e estava na cidade Pisco –uma das mais afetadas, onde morreram 200 pessoas– haviam sido localizadas.

“Estou aliviado”, afirmou o brasileiro. A comunicação com os funcionários foi feita por rádio, pois os telefones ainda não funcionam na cidade. Cardoso diz que pretende retirar os empregados de sua companhia na região.

“Agora há o risco de desabastecimento e outros eventos que ocorrem depois de terremotos, e eu não quero que eles passem por isto”, explicou ele, ressaltando que as condições de retirada estão sendo estudadas, já que pontes que levavam à cidade e rodovias foram danificadas pelo terremoto.

Cardoso também disse que dispensou os funcionários da empresa em Lima, pois o escritório fica no 14º andar de um edifício e tremores ainda estão sendo sentidos no país.

“Agora há diversas réplicas do tremor, e ninguém tem condições de trabalhar lá hoje”, afirmou.

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